UOL Esporte Ciclismo
 
10/07/2009 - 07h00

Após "ano sabático" forçado, Pagliarini aposta na pista por Londres-2012

Maurício Dehò
Em São Paulo
EFE
Pagliarini foi para Pequim e ajudou Murilo Fischer a conquistar a 20ª posição, a melhor do Brasil na estrada, nos Jogos Olímpicos
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O brasileiro Luciano Pagliarini decidiu este ano não correr o circuito profissional na Europa. Isto porque o que seria sua nova equipe, a francesa H2O, não saiu do papel, por falta de autorização da União Ciclística Internacional, deixando seus membros a pé. Forçado a tirar alguns meses sabáticos - já chega a sete longe de competição - o ciclista teve muito tempo para pensar e já traçou os planos a longo prazo. Para os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, quer brigar por dois pódios.

A novidade para o veterano de 31 anos é que ele quer fazer uma nova aposta. Além da estrada, sua especialidade e prova na qual disputou as duas últimas edições dos Jogos, Pagliarini usou seu período de "folga" para traçar um plano para tentar uma medalha também na pista, modalidade em que o Brasil ainda não tem tradição.

A estratégia do paranaense é competir na prova de pista que mais se aproxima da de estrada. Assim, ele quer se preparar para entrar na disputa por pontos, que é competida em um percurso mais longo do que as provas de velocidade. Pela distância, 40 km, um ciclista que almeje um bom resultado tem por obrigação também sustentar uma boa preparação na estrada.

Outro fator que faz Pagliarini acreditar que pode brigar nas duas provas é o tipo de prova de estrada que deve ser disputada na Inglaterra. "Já corri muito por lá e não será um percurso totalmente plano, mas será ainda assim adequado aos velocistas", explica ele, que se favoreceria. "Em Pequim e Atenas, a estrada foi muito difícil, com muitas escaladas. Então o cansaço é maior e não haveria como fazer as duas provas."

Com a semelhança entre as duas provas, Pagliarini se manteve fora do circuito, mas manteve a preparação normal que fez, na estrada. Neste mês de julho, ele retorna ao Brasil, onde dará ênfase tanto ao seguimento de sua rotina na estrada e passará a dar maior ênfase à pista. Ainda este ano, ele competirá entre outubro e janeiro em etapas da Copa do Mundo, neste "nova" prova, para testar seus resultados e saber no que precisa ajustar sua preparação de longo prazo.

TREINOS EM UM AUTÓDROMO
Arquivo/FI
Pagliarini voltará ao Brasil para os treinos e deve permanecer se preparando no Paraná
Paranaense de Arapongas, é em Londrina que Pagliarini se preparará para as etapas da Copa do Mundo que planeja disputar, já tentando resultados em provas de pista. O curioso, no entanto, é que não será realmente em pista que ele fará a maior parte de seu treino. Ele utilizará um autódromo e pedalará no asfalto. Segundo o ciclista, isso não será problema, pois o circuito tem características muito semelhantes ao de um velódromo, com um trecho de 500 m próximo aos 333 m da volta de uma pista de ciclismo.

O veterano ainda poderá ter a ajuda de motos na pista, para treinar com vácuo. Na divisão dos treinos de estrada e de pista, ele deve realizar diariamente cerca de 150 a 160 quilômetros na primeira, indo para a pista para completar outros 80 ou 90 km. Além de Londrina, Maringá é outra cidade que pode ser usada por ele, ja que possui velódromo.
CONHEÇA A 'COLÔNIA' DE PAGLIARINI
A maior diferença nos treinos e na competição é quanto ao equipamento usado na estrada e na pista. Enquanto no primeiro é utilizada a bicicleta tradicional, com marchas, a pista tem a bicicleta com peão fixo. Nela, há apenas uma marcha, não há freio e o ciclista não pode parar de pedalar. "Na estrada você tem momentos de descanso. Na pista, é o tempo inteiro com sangue nos olhos, uma prova muito intensa e técnica. Quem sabe não começamos uma história do Brasil na pista, já ainda estamos engatinhando", analisou o paranaense.

"Não queria praticamente me prostituir"
Há 11 anos no ciclismo europeu, Luciano Pagliarini já se dá ao luxo de estudar muito bem suas propostas e definir o que é melhor para si. Este ano, com a falta de permissão ao que seria sua nova equipe, o brasileiro resolveu simplesmente parar.

"Eu preferi tirar o pé um pouco ao invés de acabar praticamente me prostituindo. Alguns ciclistas foram para outras equipes e tiveram de descer muitos degraus em relação ao que mereciam. As equipes compraram atletas por muito menos do que o normal", explicou ele.

De "férias forçadas", como define, ele pôde ao menos passar mais tempo em casa, curtir a filha de dois anos e, é claro, seguir treinando. Os planos para 2010 ainda não estão definidos, mas Pagliarini não pensa em deixar a estrada de lado, seja competindo na Europa, como fez nos últimos anos, ou voltando ao Brasil. "Com 31 anos ainda tenho bastante tempo . Em Londres, de repente, é que vou começar a pensar em uma aposentadoria", concluiu.



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