UOL Esporte Ciclismo
 
25/03/2010 - 07h00

Fratura altera calendário de brasileiro e pode levá-lo à Volta da França

Maurício Dehò
Em São Paulo
  • Murilo Fischer pedala já pela sua nova equipe, a Garmins-Transitions de origem norte-americana

    Murilo Fischer pedala já pela sua nova equipe, a Garmins-Transitions de origem norte-americana

Do hospital, pouco restou a Murilo Fischer a não ser lamentar uma queda que o tirou da disputa da tradicional Milan-San Remo, volta entre as clássicas do ciclismo mundial. No entanto, os cerca de dois meses afastado das competições podem resultar em algo positivo para o catarinense e levá-lo à competição mais famosa da modalidade, a Volta da França.

Se sua temporada seguisse no rumo feito inicialmente, com o cronograma já discutido com a equipe, o brasileiro integraria o time da Garmin-Transitions que disputará o Giro d’Itália, uma das três grandes voltas da temporada, junto com a francesa e a da Espanha. Fora de ação, no entanto, o saldo pode ser positivo, ironicamente.

“Quem sabe com isso (a fratura) eu não acabe sendo direcionado para integrar o time que vai para o Tour. Só o fato de competir na Volta da França é estar na maior vitrine do ciclismo. Então, talvez seja uma coisa boa”, disse Fischer, ainda em tratamento no hospital, sobre um possível lado positivo de seu acidente.

Ele salientou, no entanto, que as conversas para isso serão feitas futuramente e não há nada certo para ele voltar ao Tour após a ausência de 2009. Fischer tem como melhor posição na prova o terceiro lugar em etapa da Volta da França de 2007.

FISCHER FICA NA EUROPA E NÃO "SEGUE" AMIGO

Ao contrário do companheiro de seleção e amigo Luciano Pagliarini, Murilo Fischer não vislumbra uma volta ao Brasil. Aos 30 anos, pretende manter a carreira na Europa atrás de sonhos como uma vitória em etapa da Volta da França, o que ficou próximo em 2007, quando teve uma terceira colocação.

“Minha meta é continuar na Europa, correndo no circuito profissional. O ciclismo é instável, então se ficar sem equipe posso voltar para o Brasil. Tenho sempre de estar preparado para o presente e o futuro”, disse o catarinense, que elogiou o amigo. “Gostaria de correr no Brasil para ver como está a organização e a qualidade do nosso ciclismo. O Pagliarini, mesmo se estivesse fora de forma, seria melhor que todos no Brasil. Poucos em nível mundial tem a qualidade que o Luciano tem”.

“Eu ia correr as clássicas na Bélgica e estava vendo se ia para o Girod’Itália. Mas com isso sai do calendário e devo ficar pelo menos mais uns 40 dias para voltar a pedalar e competir”, explicou ele.

“Eu estava no quilômetro 150 da San Remo, que tem um túnel bem pequeno, mas sem iluminação. Não sei se toquei em alguém ou caíram na minha frente. Por sorte o lugar era perto do hospital e fui atendido rapidamente, sem problemas.”

A temporada de 2010 é importante para Fischer, uma vez que ele aposta em uma nova equipe. Ele, que nos últimos anos defendeu a Liquigas, passou a correr pela norte-americana Garmin-Transitions, que também está entre os times de ponta nas competições da Europa.

Para o brasileiro, a proximidade e o contato humano são os diferenciais entre os times, vivenciando um ambiente melhor nesta nova parceria.

EQUIPE PIONEIRA NO ANTIDOPING

Um dos elementos interessantes da Garmin-Transitions não está relacionado aos seus resultados, mas aos cuidados internos com os ciclistas. Os integrantes do time são observados de perto, para evitar o fantasma do doping, que assombrou o ciclismo nos últimos anos.

“A equipe americana é muito diferente das europeias. Além disso, eles são pioneiros no antidoping e foram os primeiros a implantaram o controle interno. Além dos testes feitos pela UCI (União Ciclística Internacional), gastam cerca de 500 mil euros no controle interno. É muito bacana ver isso nos dias de hoje”, explicou Fischer.

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