Topo

Em sua última Volta da França, Armstrong revê Contador como rival 'oficial'

Do UOL Esporte

Em São Paulo

02/07/2010 07h00

A Volta da França de 2009 teve como sua maior rivalidade uma disputa interna, dentro de uma só equipe, e portanto mascarada, escondida. Apesar de não se bicarem e de lutarem pedalada a pedalada pelo título, por muitas etapas Lance Armstrong e Alberto Contador tentaram despistar a inimizade. O espanhol se deu melhor ao fim e faturou sua segunda taça, enquanto Armstrong teve de engolir o orgulho com a terceira colocação no geral.

CONTADOR, ARMSTRONG E OS RIVAIS

  • AFP

    Terceiro colocado na Volta da França de 2009, Lance Armstrong observa a taça do campeão, Alberto Contador, então companheiro na Astana

    PRINCIPAIS RIVAIS:

    Alberto CONTADOR: 27, Astana. Favorito da prova, após conquistar o bicampeonato em 2009.
    Lance ARMSTRONG: 38, RadioSchack. Principal desafiante, agora em novo time e luta pelo octo.
    Andy e Franck SCHLECK: 25 e 30, Saxo Bank. Irmãos foram bem em 2009, com Andy em terceiro.
    Ivan BASSO: 32, Liquigas. Italiano vem embalado pelo bi no Giro d'Itália. Volta ao Tour após 5 anos.
    Cadel EVANS: 33, BMC Racing. Duas vezes vice, o veterano terá apoio de George Hincapie, que esteve ao lado de Lance em muitos de seus títulos

O Tour de 2010, que começa neste sábado, terá os mesmos favoritos, mas um cenário bastante diferente. Agora, a guerra é aberta entre Armstrong e Contador, uma vez que eles separaram seus caminhos. Enquanto o espanhol se manteve na Astana, o heptacampeão disputará sua última edição da competição mais tradicional do ciclismo pela RadioShack.

Depois de sua “medalha de bronze” ao chegar a Paris em 2009, Lance Armstrong resolveu mudar a tática e se fortalecer para a disputa, deixando de lado a briga interna com Contador. Assim, co-fundou a RadioShack, um time totalmente norte-americano em sua direção e que ainda conta com Johan Bruyneel que era justamente o chefe da Astana.

O Tour terá sua largada mais uma vez de fora da França, com o prólogo deste sábado acontecendo em Roterdã, na Holanda, em um contrarrelógio de 8 km - em 2009, Mônaco sediou a etapa de abertura. Depois disso, serão mais 19 etapas, com um total de 3.596 km até a capital francesa, em 25 de julho.

Para poder bater o poderoso Contador, a RadioShack não conta apenas com Armstrong, justamente por saber que o veterano de 38 anos, heptacampeão do Tour, já não está na forma de seu auge. Assim, a estratégia é em contar com um bom trabalho de equipe.

Além de Armstrong, no seu segundo Tour desde o retorno da aposentadoria, Andreas Kloeden e Levi Leipheimer também estarão na briga do time pelo título geral e contra o favorito bicampeão. Kloeden foi vice-campeão em 2004 e 2006, enquanto Levi acabou em terceiro em 2007.

“Nós não estamos com o favoritismo, mas é melhor haver três cartas para jogar, na nossa visão estratégica. Entre nossos líderes, Lance é talvez o melhor, mas veremos durante a competição”, explicou Bruyneel, deixando claro que a prioridade do título não é de Armstrong, mas da equipe, quem quer que seja o ciclista.

PRINCIPAIS ETAPAS

Contrarrelógios:
- 1ª etapa: 8 km em Roterdã;
- 19ª etapa: 51 km de Bordeaux a Pauillac
Etapas montanhosas:
- 8ª etapa: com chegada em subida, a 1.796 m;
-14ª etapa: com pico de 2.001 m;
- 17ª etapa: partindo de 165 m acima do nível do mar e com chegada a 2.115 m.
Etapas longas:
2ª etapa: 224 km de Roterdã a Bruxelas;
6ª etapa: 225 km de Montargis a Gueugnon;
12ª etapa: 210 km de Bourg-de-Péage a Mende

“Nós montamos um dos mais fortes e melhores times. Não acho que sejamos favoritos, mas entre nós três, nunca se sabe. Será bom poder dizer que temos três ciclistas sempre brigando no final”, analisou Lance Armstrong.

Um trio de líderes, no entanto, não garante vitórias. Em 2005, a T-Mobile contava com Jan Ullrich, Alexandre Vinokourov e Kloeden para tentar destronar Armstrong, mas o norte-americano ganhou o hepta, encerrando suas conquistas de forma consecutiva.

Pelo lado da Astana, Contador terá bons companheiros para o escoltarem. O time cazaque conta com o retorno de Vinokourov, após suspensão por doping. Entre os outros favoritos estão os irmãos Andy e Franck Schleck - Andy é o atual vice-campeão -, além de Cadel Evans e o vencedor do Giro d’Itália Ivan Basso, retornando após cinco anos.

“Quanto mais candidatos à vitória, melhor para nós. Espero que seja uma corrida aberta, para podermos fazer nossa estratégia e tirar vantagem disso. Essa é a meta”, concluiu Bruyneel.

O Brasil não tem candidatos nesta Volta da França, assim como em 2009, já sem Murilo Fischer, que disputou a prova em 2007 e 2008.