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Murilo Fischer muda de papel e vira escudeiro em equipe 'de um homem só'

Brasileiro Murilo Fischer bebe água junto ao carro de seu time no Giro d"Itália 2010 - Divulgação
Brasileiro Murilo Fischer bebe água junto ao carro de seu time no Giro d'Itália 2010 Imagem: Divulgação

Maurício Dehò

Em São Paulo

28/09/2010 07h00

O brasileiro Murilo Fischer conseguiu uma honrosa terceira colocação na Volta da França de 2007, mostrando que tinha tudo para brigar para triunfar em etapas da competição mais tradicional do ciclismo mundial. Três anos depois, ele não briga mais para cruzar a linha de chegada na frente. Não por falta de talento, mas por uma mudança de papel. Agora, Murilo é escudeiro.

VERDE-AMARELO DA SAPATILHA À BIKE

  • Reprodução/Twitter

    Como bom brasileiro Murilo Fischer gosta de mostrar o verde-amarelo por onde vai. O veterano conseguiu incrementar as citações à pátria quando compete pela Garmin-Transitions. Recentemente um amigo fabricou uma sapatilha personalizada, verde-amarela. A novidade acompanha os detalhes na camiseta e até na bicicleta adesivada nas cores.

“Minha corrida termina a um quilômetro do fim”, explica o atleta da equipe Garmin-Transitions, em que corre desde o início deste ano. O motivo para isso é que o time montou seu plantel para beneficiar Tyler Farrar, ciclista que fica assim responsável por brigar por títulos.

Perto de completar uma década na Europa, onde pedala desde 2002, Fischer teve dificuldades para arranjar time para esta temporada e só assinou em 31 de dezembro. Agora, com o novo papel, ganhou prestígio e para 2011 a situação é mais simples, com acordo já renovado.

“O Giro d’Itália foi a primeira vez que tive uma grande responsabilidade dentro da equipe, trabalhando com o Farrar, que é nosso velocista. Ali mostrei bem meu potencial, e já houve interesse da equipe na renovação”, diz o catarinense de 31 anos.

“Foi muito mais duro do que pensava, até porque vinha de uma fratura recente na clavícula. Claro que gostaria de ter corrido a Volta da França, mas me sinto bem na equipe”, completa.

A principal mudança na Garmin é ter voltado as atenções exclusivamente para Farrar buscar vitórias nas classificações gerais das grandes competições.

Só dois no Mundial-2010

Murilo Fischer será representante único do Brasil na prova masculina de estrada do Mundial, neste fim de semana, na Austrália. Neste ano, a CBC resolveu mandar apenas dois atletas na categoria elite um entre os homens, e um no feminino, que é Márcia Fernandes. A decisão leva em conta os gastos e a proximidade do Pan, em 2011, e das Olimpíadas-2012.

Antes, ele se destacava no sprint, mas não tinha uma equipe à sua disposição, como é comum em relação a estrelas como Lance Armstrong e Alberto Contador. Foi por isso que o brasileiro foi chamado.

“Os treinos são iguais, mas na hora da corrida as coisas mudam completamente. Trabalho até 1 km antes do fim. Depois entra mais um ciclista forçando e outro deixa o Farrar a 350 m da linha de chegada”, relata ele. No ciclismo, o vácuo é importante. O ciclista que se beneficia das pedaladas de um à sua frente economiza energia, principalmente para um sprint.

Apesar da mudança, o gosto de uma vitória ainda é recompensador, mesmo que venha das pedaladas finais do companheiro norte-americano.

“Ganhamos etapa no Giro e depois em Hamburgo, e me sinto responsável por isso. A vitória é diferente, mas estou em uma equipe que reconhece quem trabalha”, afirma Fischer, representante do Brasil no Mundial de estrada, neste domingo.