Topo

Em 'clã' de ciclistas, novata de 19 anos corre o Mundial de olho em 2016

Márcia Fernandes (e) posa para 1ª foto em time de elite, na Itália, com a prima Uênia - Divulgação
Márcia Fernandes (e) posa para 1ª foto em time de elite, na Itália, com a prima Uênia Imagem: Divulgação

Maurício Dehò

Em São Paulo

01/10/2010 07h00

Clemilda, Janildes, Uênia e, agora, Márcia. É com um clã de quatro atletas que a família Fernandes tem escrito seu nome no ciclismo brasileiro, dominando a modalidade no país e representando o país em Pan-Americanos e Olimpíadas. Para o Mundial de ciclismo de estrada, no entanto, a “cara” do Brasil é nova, com a entrada de Márcia na elite das pedaladas, um talento a ser lapidado até os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016.

Murilo pedala 'solo' na Austrália

  • Divulgação

    Assim como Márcia, no sábado, Murilo Fischer não terá companheiros domingo para tentar um bom resultado no Mundial de ciclismo. A CBC escolheu levar apenas um atleta por categoria, pensando em investir com força no Pan-2011 e Londres-2012. Para o técnico da seleção, Mauro Ribeiro, mesmo nestas condições é possível pensar grande.

    "Nosso papel de técnico é mostrar a eles que é possível e lembrar vários casos em que ciclistas sozinhos conseguiram vitórias ou pódios. O mais importante é se posicionar bem e, com sorte, marcar o ciclista que pode tentar uma fuga. Se conseguir segui-lo, você pode ir ao pódio", explicou o vencedor de etapa da Volta da França, em 1991.

Com apenas 19 anos, a jovem ciclista é a única brasileira na prova de estrada na categoria elite feminina, a principal entre as mulheres, sábado, na Austrália - no masculino, domingo, quem corre é um veterano, Murilo Fischer. Mas, apesar da primeira participação, Márcia leva consigo a experiência de outras três parentes para o asfalto.

Foi com as irmãs Clemilda e Janildes e com a prima Uênia que Márcia deu suas primeiras pedaladas, ao lado também de mais dois irmãos que não tiveram sorte no ciclismo. Diferentemente das mais velhas, não teve de trabalhar longe do esporte, vendendo produtos de limpeza ou empregada em uma indústria de transformadores de alta tensão, como Clemilda.

“Foi uma influência nossa. A família toda pedala, então ela cresceu vendo aquilo e isso formou o sonho na cabeça dela. Enquanto outros não conseguiram, ela nós vimos que tinha de ir para o esporte”, explica Janíldes, já veterana aos 30 anos. Ela compete no Brasil, enquanto Uênia está na Itália. Clemilda está sem equipe e só volta às competições em 2011, por opção própria.

Já conhecendo bem o circuito profissional, as mais velhas tentaram ensinar um pouco do que aprenderam. “Ela superou muitos obstáculos, mas vemos que evoluiu muito rapidamente. Aos 19 anos, já sabe correr, se posicionar, define táticas na prova. Ela parece que tem 15 anos de idade, mas na pista aparenta uns dez de profissional”, comenta a irmã.

Com a marca de melhor sul-americana no Mundial júnior no currículo, Márcia também partiu para a Europa. Depois de correr em 2009 em categoria de base, neste ano estreou na elite profissional, na Chirio Forno D’asolo, na Itália..

A evolução foi muito mais rápida que o esperado por Janíldes, que tenta principalmente ensinar com correção o que errou nos primeiros cinco anos de carreira, os mais complicados até que o atleta se estabeleça.

“Damos estrutura e procuramos ensinar a Márcia”, diz Janíldes, que vê no Mundial uma boa oportunidade para a irmã ganhar experiência. “A Confederação optou por levá-la por ser mais nova e estar nos planos a longo prazo, para as Olimpíadas do Rio, em 2016”. O primeiro Mundial deve ser complicado no entanto, pela decisão da CBC de levar apenas uma atleta na elite feminina e pelo fato de o ciclismo depender muitas vezes do jogo de equipe.