Chefe do antidoping chama Contador de "vigarista" e insinua influência política no caso
Das Agências Internacionais
Em São Paulo
07/02/2012 17h41
O presidente da Agência Mundial Antidoping, John Fahey, chamou o ciclista espanhol Alberto Contador de vigarista nesta terça-feira e afirmou que o atleta, suspenso por dois anos pela Corte de Arbitragem do Esporte, poderia ter pego apenas metade da pena devido à influência de políticos espanhóis durante o caso.
CRONOLOGIA DO PROCESSO
Julho de 2010 | Contador se submete a dois testes antidoping na Volta da França |
Setembro de 2010 | Resultado dá positivo e União Ciclística Internacional suspende Contador de forma cautelar |
Fevereiro de 2011 | Federação Espanhola de Ciclismo absolve Contador |
Março de 2011 | UCI recorre à Corte de Arbitragem do Esporte |
Fevereiro de 2012 | CAS sanciona dois anos de punição a Contador |
CONTADOR É SUSPENSO E FICA FORA DA OLIMPÍADA E DA VOLTA DA FRANÇA
Alberto Contador foi condenado a dois anos de suspensão pela Corte de Arbitragem do Esporte por doping na Volta da França de 2010. A decisão é retroativa a 25 de janeiro de 2011 e leva em conta seis meses já cumpridos pelo atleta. Com a sentença, ele perdeu os títulos de 2010 e 2011 e poderá a voltar a competir só em agosto. |
“Contador é um vigarista, e ponto final”, afirmou Fahey, acrescentando que os políticos não deveriam interferir em casos de doping e que está preocupado quanto à isenção das federações para julgar os atletas.
"Posso dizer, com relação à decisão sobre Contador, que foi lamentável que, quando a Federação Espanhola propôs uma pena de 12 meses, um importante político declarou que Contador era inocente", disse Fahey, sem mencionar o nome de Jose Luiz Rodrigues Zapatero, primeiro-ministro espanhol até novembro do ano passado.
Em janeiro de 2011, quando a Federação Espanhola de Ciclismo propôs um ano de suspensão a Contador, Zapatero disse que não havia razão legal para a punição do ciclista, que testou positivo para a substância clembuterol durante a Volta da França de 2010, vencida pelo atleta.
Fahey disse não ver alternativa ao sistema atual, em que as federações nacionais são responsáveis por punir os competidores.
"Preocupa-me as decisões das federações quando elas têm que lidar com seus próprios atletas que testaram positivo, porque existe a tentação de protegê-los”, afirmou.
Já Contador declarou nesta terça-feira que é inocente e que está com a consciência tranquila.
“Com a sentença na mão, o meu sentimento é o de que sou inocente, que não me dopei”, declarou o atleta, que afirmou prosseguir no ciclismo.
“Vou seguir de forma limpa, como fiz em toda minha vida. Ainda que agora meu estado de ânimo não seja o melhor, sei que isso vai me fazer mais forte no futuro”, disse Contador. Ele afirmou que vai analisar com seus advogados se recorrerá da decisão da Corte de Arbitragem do Esporte.