Crise faz Fernanda Venturini temer investimento em evento de ciclismo no RJ
O ciclismo não é uma novidade na rotina de Fernanda Venturini, 46, ex-levantadora da seleção brasileira de vôlei, que pedala regularmente há cinco anos. O investimento na modalidade é: ela faz parte de um grupo de quatro brasileiras que conseguiu recentemente os direitos para realizar no interior do Rio de Janeiro uma edição do tradicional GFNY, prova criada em 2010, que já conta com outras 13 etapas espalhadas pelo planeta. Entre a decisão de apostar no evento, o acerto e a efetiva realização, contudo, a situação política e econômica do Rio de Janeiro degringolou. Em meio à crise do Estado, a primeira aposta de Fernanda Venturini no ciclismo passou a ter um objetivo bem mais modesto: a meta agora é não perder dinheiro.
“Realmente demos um azar de pegar a franquia em um momento onde o Brasil vive uma crise econômica gravíssima. Estamos tendo muitas dificuldades de conseguir patrocínios e, com isso, nossa meta para o primeiro ano passou a ser não ter prejuízo”, contou Venturini ao UOL Esporte.
O quarteto de organizadoras do evento é formado, além de Venturini, por Ana Paula Cavalcanti e Luisa Jucá, que já haviam disputado uma série de provas, e Rita Almeida, que tinha experiência em organização de eventos. Juntas, as quatro enviaram um e-mail para a organização do GFNY e questionaram sobre a viabilidade de fazer uma etapa no Brasil. Receberam sinalização positiva.
Jucá, que já havia disputado provas na região, ajudou a escolher Conservatória, no Rio de Janeiro, como sede da prova no Brasil. A etapa será realizada no dia 6 de agosto, com percursos de 72km e de 160km.
“Esta é a primeira vez que entro nesse mercado, e o mercado esportivo é tão difícil no Brasil! Quando fechamos o negócio para trazer essa franquia, o país e, principalmente, o Rio de Janeiro, não estava em uma situação tão ruim. Mas com o passar dos meses, ambos foram para o fundo do poço. Estão o Rio de Janeiro e o Brasil passando por uma lavagem grande”, ponderou a ex-atleta e agora empresária.
No vôlei, a levantadora foi um dos grandes nomes da história da seleção brasileira. Fez parte da geração que conquistou medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996, foi vice-campeã mundial em 1994 e se aposentou de vez em 2012.
O ciclismo entrou na rotina da atleta um pouco depois disso. Venturini começou a praticar a modalidade por influência de Bernardo Rezende, o Bernardinho, ex-técnico da seleção brasileira masculina e marido dela. Gostou da possibilidade de treinar sozinha e de fazer um esporte em que o ritmo é ditado apenas por ela.
Em contrapartida, teve de lidar com as dificuldades decorrentes de seu espírito competitivo. Venturini ainda tem sequelas dos 25 anos de profissionalismo no vôlei, como problemas nos joelhos e uma hérnia cervical. Hoje pedala quatro vezes por semana, em treinos normalmente limitados a três horas e cerca de 40 quilômetros.
“Sem dúvida me limita. Pedalar me ajuda com meu problema nos joelhos e tenho feito também musculação para deixar a perna mais forte e não sentir tantas dores. Já a cervical eu preciso controlar. Quando faço pedais muito longos, sinto um incômodo”, disse.
A primeira participação de Venturini em uma prova ciclística aconteceu em 2015, numa prova com 1.600 ciclistas (Bernardinho também disputou). A despeito das câimbras e de ter parado para descansar no meio do evento, concluiu em cinco horas.
Atualmente, além dos treinos de ciclismo, Venturini pratica musculação com regularidade: “Hoje tenho consciência dos meus limites físicos. Preciso conviver com essa nova realidade, e hoje o meu lema é quem poupa tem! Adoraria competir no ciclismo, mas infelizmente não posso mais”.
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