Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Tudo que você precisa saber para começar a assistir à NBA
Em 2021, quase todo mundo que vive no planeta Terra já deve ter ouvido falar, mesmo que de passagem, da NBA ou, pelo menos, de alguns dos seus representantes mais famosos, sejam jogadores (como LeBron James e Stephen Curry) ou franquias (como o Los Angeles Lakers e o Boston Celtics). A NBA hoje é uma marca global, presente em todos os cantos do mundo.
Ainda assim, quem mora em um país como o Brasil muitas vezes ainda encontra dificuldades para conhecer a liga a fundo. A cultura do futebol é forte demais, e o resultado é que um único esporte acaba dominando a vasta maioria da cobertura esportiva no país. Não que o Brasil não tenha um bom alcance para a NBA ou o basquete em geral, mas muitas vezes acaba se tornando algo de nicho, e recém-chegados têm dificuldade em encontrar a porta de entrada para realmente entender o que se passa. É comum pessoas virem até mim falar que têm curiosidade ou interesse na NBA, mas não sabe como começar a assistir e aprender o básico para serem capazes de acompanhar uma temporada.
E é com isso em mente que começa hoje aqui no 14 Anéis um especial destinado a explicar a NBA e seu funcionamento para quem sempre teve essas dúvidas, respondendo a perguntas como: o que é e como funciona a NBA? O que é "perímetro" e "ala de força"? Como funciona o básico de um ataque ou defesa? Quais são os principais jogadores e times que eu preciso conhecer para acompanhar a temporada? Perguntas importantes para se começar a assistir basquete, mas que muitas vezes não são tão fáceis de se encontrar a resposta dentro de um esporte ainda de nicho.
E, nesse caso, é melhor começar do zero:
O que é a NBA?
A NBA, ou National Basketball Association, é a maior liga de basquete do mundo, tanto em termos de dinheiro como de reconhecimento, e reúne os melhores jogadores do planeta. E, embora isso não seja oficial, é reconhecida de modo geral como a liga "principal" dos Estados Unidos. Mas nem sempre foi o caso. A NBA como conhecemos hoje nasceu em 1949 como a fusão de duas ligas profissionais rivais, a BAA e a NBL, e ao longo da sua história precisou lidar em diversos momentos com outras ligas rivais que disputavam o mesmo mercado.
E essa talvez seja a grande diferença do futebol que estamos acostumado para o modelo de negócios da NBA. Se no futebol os clubes surgem independentemente - historicamente, geralmente por iniciativa de torcedores e atletas - e disputam campeonatos "externos" aos quais se afiliam, na NBA as franquias já surgem como uma parte da liga, um pedaço daquele negócio que é vendido para um dono. Em outras palavras, a NBA é formada pelo conjunto de todas as suas (hoje) 30 franquias, e é dirigida por um comissário cujos empregadores são os próprios times. Esse modelo de negócios no qual uma pessoa é "dona" de um time pode ser estranhíssimo no Brasil, mas é a pedra fundamental em cima da qual a NBA e outras ligas americanas se desenvolvem. Por esse motivo, não é incomum ver times na NBA mudando de cidade ou até mesmo de nome, conforme seus donos buscam tornar os negócios mais lucrativos ou competitivos - algo que, é claro, precisa ser aprovado pelo resto da NBA como sendo benéfico para a liga em si, e por consequência para o resto dos seus times.
Isso significa também que a NBA não é como o Campeonato Brasileiro, por exemplo, reconhecido pelo órgão nacional dos esportes como sua liga "oficial" para um certo esporte; qualquer nova liga pode se formar e buscar competir com a NBA se assim quiser. Mas, como há 75 anos a NBA é a principal liga de basquete dos EUA, ela é amplamente vista como a grande representante do basquete masculino nos Estados Unidos.
Como funciona uma temporada?
Atualmente, a NBA é formada por 30 franquias, sediadas em 27 cidades dos Estados Unidos e mais uma do Canadá. Esses 30 times são divididos em duas conferências, Leste e Oeste, e dentro das conferências em divisões com cinco times cada. A imagem abaixo mostra o alinhamento das 30 franquias, com as da Conferência Leste na metade de cima:
Durante a temporada regular - que, esse ano, começa dia 19 de outubro - cada time joga 82 vezes, sendo 52 jogos contra times da sua própria conferência e 30 contra times da conferência oposta. Ao final da temporada, classificam-se para os playoffs os oito times de melhor campanha de cada conferência (16 times no total). O time de melhor campanha de cada conferência é chamado de #1 seed e enfrenta o time de pior campanha dos classificados, o #8 seed; o #2 seed, segunda melhor campanha, enfrenta o #7 seed, o segundo de pior campanha, e por aí vai. Os confrontos de pós-temporada, no entanto, não são em jogo único: são séries de melhor-de-7 jogos, com o time de melhor campanha tendo a vantagem de jogar uma partida extra em casa. Os times que atingirem 4 vitórias em cada série avançam de fase, e eventualmente sobram apenas os dois campeões de cada conferência - que se enfrentam nas Finais da NBA.
O time que vence as Finais, também em melhor-de-7, é o campeão da NBA.
E se você está se perguntando "mas 82 jogos não é coisa DEMAIS?", você está certo; realmente é jogo demais, e é comum que na reta final da temporada alguns times já classificados comecem a tirar o pé do acelerador e poupar seus jogadores, tornando os jogos menos interessantes. O incentivo do mando de quadra - e a chance de disputar um jogo extra em casa, com toda a receita que isso traz - é um estímulo para os times tentarem obter a melhor campanha possível, mas muitas vezes acaba ficando em segundo plano diante de ter um time saudável e descansado para os playoffs.
E foi pensando em aumentar a competitividade das suas últimas semanas que a NBA recentemente criou um adendo a esse formato de playoffs: o chamado play-in. Em 2021, apenas os seis times de melhor campanha de cada conferência se classificaram direto para os playoffs, como as seed #1 a #6. As duas vagas finais eram disputadas pelos times que terminaram o ano entre a sétima e décima melhor campanha de suas conferências em um mini-torneio: o 7º e 8º colocado se enfrentavam em jogo único, e quem ganhava o jogo garantia sua vaga nos playoffs como #7 seed; em paralelo, o 9º e 10º colocados se enfrentam também em jogo único. O vencedor do jogo entre 9º e 10º colocado e o perdedor do jogo entre 7º e 8º se enfrentavam então em um jogo final, com o vencedor garantindo a última vaga e a seed #8 da conferência.
Sob esse formato, os 7º e 8º colocados precisam de apenas uma vitória em dois jogos para se classificar para os playoffs, enquanto os 9º e 10º colocados precisam vencer dois jogos seguintes. Aumentando o número de times que podem ir para os playoffs, portanto, a NBA garantiu que mais times continuassem brigando por algo real no fim da sua temporada regular. Embora não tenha sido confirmado se esse modelo de play-in será o padrão daqui para frente, ele vai voltar pelo menos em 2022, e possivelmente muito além.
O que é o Draft?
Como já foi dito, a NBA tem um número fechado de times que fazem parte dela, e não tem interferência de outros campeonatos externos. Isso significa que não existe uma segunda divisão e nem rebaixamento; os times de pior campanha não são relegados, e não existe vagas em outros torneios a serem ganhas (tirando, óbvio, os próprios playoffs). Na verdade, a NBA tem uma forma muito diferente de lidar com seus piores times: recompensando-os. A NBA tem no cerne do seu modelo a ideia de paridade entre os times, e a melhor forma de garantir essa paridade é dando aos piores times mais incentivos para que melhorem. E a principal forma como ela faz isso é através do Draft.
E o que é esse Draft? Bem, ao contrário do futebol - no qual os jovens talentos se desenvolvem já dentro de algum clube - nos EUA eles se aprimoram através do basquete colegial e universitário, só podendo entrar na NBA depois de completarem 19 anos. Mas, quando o jovem jogador faz essa mudança do amador para o profissional, ele não pode assinar contrato com quem bem entender. Ao invés disso, ele passa pelo Draft daquele ano: um processo no qual os times escolhem esses jovens se profissionalizando para sua própria equipe, e ganham os direitos sobre aquele jogador - nenhum outro time pode assinar com ele, exceto em caso de trocas. E, no Draft, os piores times têm as melhores escolhas: um sorteio define a ordem final das 30 escolhas de primeira rodada desse recrutamento, mas os times de pior campanha no ano anterior têm as maiores probabilidades de sorteio e, em geral, as primeiras escolhas. Direcionando assim os melhores jogadores (que são escolhidos primeiro) para os piores times, a NBA busca caminhar para essa paridade.
Por isso você vai ver com regularidade debates sobre os jovens jogadores universitários do próximo Draft - e sobre quais times terão a chance de draftá-los: de a chance de escolher no recrutamento o próximo astro da NBA, e seu futuro muda para sempre.
Onde posso acompanhar NBA?
Para assistir aos jogos, o fã brasileiro é abençoado com uma enorme variedade de opções.
Na TV aberta, o canal Bandeirantes transmite dois jogos por semana, às quintas e aos domingos.
Na TV fechada, a ESPN transmite três jogos por semana, às quartas, sextas e aos sábados; e o Sportv transmite mais três ou quatro jogos, às segundas, terças, quintas e alguns sábados.
Online, o torcedor pode assistir a um jogo por semana pelo canal Gaulês na Twitch; a três jogos por semana no canal da TNT Sports; e a dois jogos por semana no próprio canal da NBA Brasil.
O torcedor também pode assinar o League Pass, no site da NBA ou através da sua operadora de internet, para ter acesso a TODOS os jogos da temporada da NBA no seu computador, à hora que quiser.
PARTE 2 DO ESPECIAL NBA: QUARTA-FEIRA
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