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OPINIÃO

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Vitor: Quem são os calouros da ótima classe que está impressionando a NBA

Evan Mobley, do Cleveland Cavaliers, finaliza a enterrada diante de Scottie Barnes, do Toronto Raptors - NBA/Twitter
Evan Mobley, do Cleveland Cavaliers, finaliza a enterrada diante de Scottie Barnes, do Toronto Raptors Imagem: NBA/Twitter

08/03/2022 04h00

Eu admito abertamente que um dos elementos das temporadas da NBA que eu mais gosto e acompanho - talvez até mais do que deveria - é a sua classe de calouros, os jogadores recém-chegados na liga geralmente a partir do Draft. Alguns desses jovens talentos chegam com enormes expectativas, outros como promessas, outros ainda como desconhecidos ou jogadores de menor expressão que precisam lutar para conquistar seu espaço na maior liga de basquete do mundo; mas, juntos, todos eles oferecem uma base muito interessante onde se misturam a novidade de ver atletas que antes eram apenas uma ideia vaga e o fato de que, de certa forma, aqueles jogadores formarão uma parte importante do futuro da NBA.

E, se você é como eu, então a temporada 2022 da NBA tem sido um prato cheio. Já era sabido antes do Draft que essa classe de calouros era excepcional, com pelo menos três jogadores considerados possíveis escolhas #1 e uma profundidade de fazer inveja; mas, na prática, os resultados tem sido ainda melhores. Os jogadores considerados os maiores talentos tem sido quase todos tão bons (ou ainda melhores) que o esperado, vários jogadores considerados menores tem estourado as expectativas, e até os atletas que ainda não mostraram o que era esperado oferecem vislumbres de algo especial por trás.

E você tem opções para todos os gostos: calouros tendo um papel real em times que estão tentando vencer agora, com números espetaculares, com números discretos mas um impacto impressionante, e por ai vai. Então eu separei - sem ordem - 5 calouros que estão impressionando essa temporada, para falar bem rapidamente sobre seu ano. Talvez, futuramente, eu entre em maiores detalhes sobre algum deles, mas por ora a ideia é uma apresentação rápida desses nomes.

Evan Mobley, Cleveland Cavaliers

Cotado como uma escolha Top3 e possível candidato à primeira escolha por seu potencial como um pivô moderno, capaz de defender cinco posiçõesa e o aro na defesa ms com um arremesso, drible e visão de jogo para atuar longe do aro no ataque, Mobley tem sido o favorito a Calouro do Ano desde o começo da temporada. E com bons motivos: ele já chegou na NBA defendendo em nível All-Defense, com enorme versatilidade e noção posicional de um veterano (não é por acaso que ele aparece várias vezes na coluna explicando sobre fundamentos defensivos), ancorando uma das melhores defesas da NBA - que, por sua vez, impulsionou o desacreditado Cavaliers a ser uma das surpresas da temporada.

É comum na NBA ver calouros com bons números brutos em times ruins, onde podem jogar e errar a vontade sem a pressão de precisar contribuir de forma vencedora, mas (pelo menos para mim) mais impressionante são os calouros que efetivamente precisam jogar dentro da pressão e do contexto de uma equipe que tenta vencer jogos, e ainda encontrar uma forma de contribuir. Mobley, definitivamente, entra nessa definição.

Scottie Barnes, Toronto Raptors

Barnes também é outro que se encaixa nessa definição, jogando 35 minutos por jogo e começando 56 jogos para o Toronto Raptors, atualmente sétimo colocado no Leste. E, assim como Mobley, Barnes não apenas encaixou em um time competitivo, mas fez sua parte para ajudar a equipe a atingir esse patamar: são 15 pontos, 8 rebotes e 3 assistências por jogo, além de uma defesa versátil e atlética que combina perfeitamente com o resto do elenco.

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Eu admito que não era fã de Barnes antes do Draft, ou da escolha dos Raptors; Barnes era um jogador com inegáveis qualidades e ferramentas incríveis, mas achava que estava longe de colocar elas em uso de forma coerente e eficiente. Mas eu subestimei o quão bom Toronto é em desenvolver seus jogadores, e o quão bem Barnes encaixava nesse elenco montado ao redor de atletas como ele - longos, atléticos, versáteis e intercambiáveis.

Cade Cunningham, Detroit Pistons

Cade Cunningham era visto como o grande prêmio dessa classe (tanto que foi escolhido #1 no geral), um ala capaz de pontuar ou criar, sem falhas no seu jogo, com enorme inteligência. E, até agora, na sua curta carreira, é exatamente isso que Cunningham tem mostrado que vai ser. Sua eficiência (45 2PT%, 32 3PT%) fraca é comum para jogadores com responsabilidade tão grande em times muito ruins, como é o caso dos Pistons, mas ele mostra ter tudo que você procura em uma estrela de perímetro: passa como um armador, pontua e arremessa como ala, defende múltiplas posições e processa o jogo em um nível diferente do resto dos jogadores em quadra.

A maior (e talvez única) crítica a Cunningham como prospecto, antes do Draft, era que sua falta de explosão ou habilidade atlética de elite poderia atrapalhar sua capacidade de bater defensores de nível NBA. Mas até isso não tem se mostrado um problema; Cade compensa isso com mudança de direções e acelerações, bom domínio de bola, e sua capacidade de finalização. Cade não está contribuindo para uma equipe como Mobley ou Barnes, mas se o Draft fosse refeito hoje, meu dinheiro estaria em Cade continuar sendo o primeiro escolhido.

Josh Giddey, Oklahoma City Thunder

Se você gosta de números (ou do Thimothee Chalamet), Josh Giddey é o calouro perfeito para você. Um armador de 2m03 de altura, Giddey é basicamente um triplo-duplo ambulante: já são quatro em 54 jogos, e suas médias de 12 pontos, 8 rebotes e 6 assistências por jogo chamam a atenção, e ele se tornou o atleta mais novo da história a conseguir o feito. Embora fosse considerado um relativo mistério na época do Draft por jogar na Austrália, Giddey até aqui tem sido basicamente o esperado: um excelente passador com o tamanho para enxergar e passar por cima da defesa, versátil dos dois lados da quadra, mas com uma série de falhas no seu jogo - principalmente a falta de arremesso.

Mas Giddey é um exemplo de por que é tão difícil avaliar calouros. Ele é alguém com forças (citadas acima) e fraquezas (péssimo arremesso, problemas defensivos) muito extremos e definidos, e com jogadores assim a questão é o quanto as coisas que eles oferecem compensam as coisas que eles tiram; só que Giddey está jogando em um time cujo objetivo é perder jogos, onde pode fazer o que quiser e errar sem se preocupar em vencer (o que, deixando claro, é o certo para o Thunder fazer), então é muito difícil avaliar os efeitos dos prós e contras - de fato, OKC tem números melhores com Giddey no banco. Mas isso virá com o tempo; por ora, vamos aproveitar esse jogador único em uma situação de pouca ou nenhuma pressão.

Franz Wagner, Orlando Magic

Wagner é o melhor calouro de 2022 que quase ninguém fala a respeito. Ele não está jogando em um time competitivo como Barnes ou Mobley, não tem números brutos impressionantes como os triplos duplos de Giddey, e nem tinha a expectativa pré-Draft de Cunningham; na verdade, a expectativa de Wagner (a quem eu adorava) antes do recrutamento é que ele seria o protótipo de jogador complementar, alguém com vários talentos mas que não seria capaz de colocar a bola debaixo do braço, pontuar e carregar um ataque.

E como estamos nesse sentido?

Ok então.

Pontuação acabou sendo a grande alavanca por trás do ótimo ano de calouro de Wagner; seus 15,6 pontos por jogo de média ficam apenas atrás de Cunningham entre calouro, e ele supera todos os outros calouros de alto uso em eficiência nos arremessos. E, mais importante, ele fez isso sem perder as habilidades complementares na defesa, nos passes e o altíssimo QI de basquete que fizeram dele um prospecto tão cobiçado em primeiro lugar. Wagner era visto como um jogador de alto piso, mas baixo potencial; hoje, ele tem um alto piso E um alto potencial. Grande acerto do Magic.

Os Outros

Esses são os cinco calouros que mais tem se destacado em 2022, os cinco que devem compor o 1st Team All Rookie quando a temporada acabar. Mas o que faz essa classe tão especial não é só o quão bem eles estão jogando, mas também a simples quantidade de jogadores que estão se destacando, ou pelo menos prometendo algo especial no futuro.

Temos duas incríveis pestes defensivas saídas na segunda rodada em Ayo Dosunmu e Herbert Jones, ambos tendo um papel importantíssimo em meio a lesões em times competitivos; temos os dois Jalens, Green e Suggs, que começam a brilhar e mostrar seu enorme potencial após um começo ruim; Jonathan Kuminga, cru mas talentosíssimo, conseguindo causar impacto nos contenders Warriors; jogadores de fim de primeira rodada tendo impacto vindo do banco como Cam Thomas ou Bones Hyland; ou até jogadores de fim de segunda rodada, como Kessler Edwards e Brandon Boston Jr, tendo momentos de enorme importância na briga pela pós-temporada; e tantos, tantos outros. Todos os oito primeiros selecionados no Draft parecem ter chance de ir a um All-Star na carreira, e a segunda rodada já está oferecendo vários jogadores de rotação de NBA. Você tem talentos para serem estrelas, futuros candidatos a MVP/DPOY, diversos ótimos role players, e inúmeros jogadores que, pode apostar, estarão em um elenco de NBA daqui a 8, 10 anos.

Isso, meus amigos, é uma ótima classe de Draft.