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OPINIÃO

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Vitor Camargo: Cinco destaques e observações da semana que passou na NBA

Karl-Anthony Towns comemora com seus companheiros seu recorde - Minnesota Timberwolves/Twitter
Karl-Anthony Towns comemora com seus companheiros seu recorde Imagem: Minnesota Timberwolves/Twitter

18/03/2022 04h00

Para fechar a semana, é hora da minha coluna-homenagem ao melhor analista de basquete do planeta, Zach Lowe, que toda sexta feira faz uma coluna de "10 Coisas Que Eu Gosto Ou Não" da NBA. Como eu não sou nem de longe tão bom quanto ele, eu me contento em trazer a metade disso: cinco destaques ou observações dos últimos dias na NBA, assuntos que não valem uma coluna inteira mas ainda merecem algum destaque.

Vamos a isto.

A semana das grandes pontuações

Se você gosta de ataque, de grandes placares, jogadores impondo sua dominação individual e batendo recordes de pontuação, então essa semana que passou deve ter deixado você em êxtase. Nos últimos sete dias, fomos brindados com uma série de explosões ofensivas e grandes marcas individuais que sem a menor dúvida foram a grande história da semana.

Essa explosão começou na sexta passada, quando LeBron James (que já tinha anotado 56 contra os Warriors uma semana antes) anotou 50 pontos na vitória dos Lakers sobre os Wizards - os Lakers, inclusive, estão 2-0 desde o All Star Game quando LeBron anota 50 pontos, e 0-9 quando não o faz. Durant seguiu a deixa, anotando 53 pontos no domingo contra os Knicks (mais sobre isso daqui a pouco), marca que seu companheiro antivacina Kyrie Irving superou ao anotar 60 contra o Magic. Trae Young anotou 47 e 46 pontos em dias - não só jogos, mas dias mesmo - consecutivos, e Steph Curry teve 46 contra o Washington Wizards.

Essa explosão ofensiva, claro, não é por acaso - ainda que ver essa concentração em um período tão curto de tempo seja especial. O aumento de velocidade, refinamento dos ataques e aumento das bolas de três facilitam demais que essas explosões ofensivas aconteçam, como essa coluna de 2019 (!!) do analista do The Ringer, Zach Kram, já detalhava. Ainda assim, nunca vai deixar de ser uma das coisas mais empolgantes do basquete quando um grande pontuador pega fogo e coloca a partida embaixo do braço.

Karl-Anthony Towns, fazendo história

Mas, além desses já citados, essa semana viu mais um jogador explodir para um recorde individual de pontuação: Karl Anthony Towns, pivô do Minnesota Timberwolves, que fez história ao anotar não apenas a melhor marca da sua carreira, mas a melhor marca da história dos Timberwolves com 60 pontos em vitória importante sobre o San Antonio Spurs. Foi um show do mais versátil pivô pontuador do mundo, e seu arsenal esteve à vista em sua totalidade: arremessando de fora, usando sua agilidade e explosão para passar por defensores, finalizando vindo do pick-and-roll, batendo coitados a partir do drible, usando sua força física e refinamento para finalizar no garrafão, o pacote completo.

Mas ainda melhor do que o show de Towns em quadra foi a reação fora dela, o êxtase do jogador e seus companheiros com o recorde, um momento simbólico no que tem sido talvez a mais feliz temporada dos Timberwolves desde os dias de Kevin Garnett, caminhando a passos largos rumo aos playoffs atrás de um elenco jovem, promissor e carismático.

E, honestamente, ninguém merecia isso em um nível pessoal mais que Towns, um excelente jogador preso em uma das mais incompetentes franquias da NBA e que finalmente está recebendo um pouco do reconhecimento que merece. Mas vai além de basquete; durante a pandemia de COVID, Towns perdeu para a doença sua mãe, com quem tinha uma relação muito próxima, e mais outros SETE familiares. É insano como alguém consegue passar por isso e ainda ter cabeça para se concentrar em jogar basquete, ainda mais em altíssimo nível como tem sido o caso (Towns, não surpreendentemente, também se tornou a principal voz de conscientização dos esportes americanos sobre vacinação e medidas de prevenção). Se havia algum jogador na liga inteira que merecia esse momento de alegria e glória, era Karl-Anthony Towns.

Apreciando Kevin Durant

Eu já citei no primeiro tópico a atuação magistral de 53 pontos, 9 assistências e 6 rebotes de Durant para levar os Nets (sem Kyrie) a uma vitória de 3 pontos por sobre o New York Knicks, então não vou ficar me repetindo sobre o jogo em si. Mas, mais do que qualquer outro momento em 2022, foi uma chance de apreciarmos um dos jogadores mais únicos da história do basquete.

Assistir a Kevin Durant jogar basquete é uma experiência. Tudo que ele faz em quadra é diferente do que estamos acostumados, uma mistura de basquete e arte, um ritmo e fluidez que só faz sentido para ele, mas produz resultados como poucos. Quando ele da um drible forte na direção da mão direita, você sabe que está ferrado.

E vale lembrar, Durant não só tem 33 (quase 34) anos, mas esse é seu segundo ano de volta após romper o tendão de Aquiles - a lesão mais devastadora que um jogador de basquete pode sofrer. Ele tem médias de 29 pontos, 7 rebotes e 6 assistências por jogo, arremessando 52% de quadra, 37% dos três pontos e 90% nos lances livres - e, apesar da campanha ruim, Brooklyn está 28-15 quando Durant joga mesmo com as ausências de Harden, Simmons e Kyrie. Não fosse sua lesão, ele estaria forte na briga pelo MVP.

Apreciem enquanto podem.

Candidatos ao título ficando saudáveis (ou não)

Essa parte da coluna era para ser de comemoração. Com Draymond Green de volta no Golden State Warriors, seu Big Three finalmente estava saudável a tempo para os playoffs, e boas notícias sobre as recuperações de Jamal Murray e Michael Porter Jr também indicavam que um outro favorito ao título, o Denver Nuggets, poderia contar com força total na pós-temporada após passar a temporada inteira desfalcada. Brook Lopez também fez seu retorno aos Bucks, e até mesmo Victor Oladipo voltou a jogar pelo Miami Heat. Nessa frente, todas as notícias pareciam boas pensando em uma pós-temporada histórica.

Mas tudo isso foi por água abaixo com a lesão de Stephen Curry, após Marcus Smart atingir seu pé ao mergulhar atrás de uma bola sem dono. Apesar de uma discussão (a meu ver) ridícula sobre se foi uma jogada suja ou não - foi uma jogada comum de basquete com um resultado infeliz, e só - a maior preocupação agora é se Curry pode voltar a tempo dos playoffs. Com Curry e Green saudáveis, os Warriors são fortíssimos candidatos ao título, mas sem Curry essas chances caem a zero.

A boa notícia é que os exames preliminares não mostraram um dano na estrutura do pé, e a previsão inicial é de que ele voltaria a tempo para os playoffs - ainda que novos exames serão realizados nos próximos dias para confirmar esse diagnóstico. Ainda assim, em um momento onde os times começavam a ficar saudáveis para a reta final, a NBA ganha talvez seu maior golpe nesse sentido.

Essa jogada do Denver Nuggets

Eu estou fascinado, simplesmente fascinado, por essa cesta do Denver Nuggets contra o Washington Wizards.

Não é uma jogada desenhada, não tem nada combinado ou planejado; são apenas cinco jogadores funcionando e pensando o jogo em perfeita sintonia, lendo e reagindo com perfeição e entrosamento impecáveis, fazendo as movimentações e passes certos a cada momento, atraindo a defesa e achando o jogador livre (a horrenda defesa dos Wizards, claro, ajuda). É basquete elevado ao patamar de obra de arte.

Jogadas assim sempre fazem valer a semana.