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OPINIÃO

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Cinco destaques e observações da semana que passou na NBA

Saddiq Bey, ala do Detroit Pistons - Bleacher Report/Twitter
Saddiq Bey, ala do Detroit Pistons Imagem: Bleacher Report/Twitter

25/03/2022 04h00

Para fechar a semana, é hora da minha "coluna-homenagem" ao melhor analista de basquete do planeta, Zach Lowe, que toda sexta-feira faz uma coluna de "10 Coisas Que Eu Gosto Ou Não" da NBA. Como eu não sou nem de longe tão bom quanto ele, eu me contento em trazer a metade disso: cinco destaques ou observações dos últimos dias na NBA, assuntos que não valem uma coluna inteira mas ainda merecem algum destaque.

Vamos a isso.

Os 51 pontos de Saddiq Bey

Que a NBA está em meio a uma sequência histórica de jogos com 50 pontos ou mais você já sabia --ou pelo menos se lê esse espaço com regularidade. Mas uma coisa é ver LeBron James, Kevin Durant e Karl Anthony-Towns atingindo a marca; outra bem diferente é ver que o responsável pelo mais recente jogo de 50 (51, na verdade) pontos da NBA foi Saddiq Bey.
O ala segundanista do Detroit Pistons atingiu a marca contra o mesmo Orlando Magic que tinha acabado de ceder 60 pontos para Kyrie Irving, então pelo menos enxergamos um padrão aqui. Era evidente, vendo o jogo, que, no final, Bey e seus companheiros estavam caçando a marca sem se importar com o resultado. Ainda assim, 50 pontos são 50 pontos, e ninguém pode tirar isso dele. Bem-vindo ao grupo, Saddiq Bey!
E não que Bey seja um péssimo jogador nem nada, ele é bom e ainda bastante jovem, mas a aleatoriedade do feito acendeu um debate divertido sobre os piores jogadores da história da NBA a atingir os 50 pontos em uma partida. Nomes como Mo Williams, Vernon Maxwell, Brandon Jennings e Tracy Murray foram lembrados, mas no fim do dia dois nomes se destacaram dos demais: Tony Delk, armador do Phoenix Suns, cuja explosão para 53 pontos contra o Denver Nuggets em 2000 foi o ÚNICO jogo da sua carreira com mais de TRINTA pontos (para efeito de comparação, Bey já tem sete jogos com 30+ em dois anos de NBA); e, claro, Corey Brewer, cujo jogo de 51 pontos em 2014 levou a um dos meus momentos favoritos de LeBron James:
Dessa, pelo menos, Bey escapou.

Os Celtics, ainda dominando

Eu, honestamente, não faço ideia do que qualquer time deveria fazer para parar o Boston Celtics nesse momento. Que eles tinham a melhor defesa da NBA, a gente já sabia, mas agora o ataque decidiu ser os Suns de 2007. Tipo, como você para isso?

No momento que Utah mostra a dobra, os Celtics reagem como se fossem um só, fazendo a leitura completa da jogada. O resto é puramente burocrático até a cesta: Horford faz o flash cut para a cabeça do garrafão, sabendo que isso vai puxar Gobert, e que Theis vai ficar aberto para o corte vindo da lateral. Horford nem precisa olhar para Theis a fim de fazer o passe, ele já sabe onde o companheiro vai estar. Simples, mas lindo.

Com a vitória de quase 30 pontos sobre Utah, Boston agora venceu 12 dos seus últimos 13 jogos contra times de playoffs, tem o quinto melhor ataque da liga desde que o ano começou, e o segundo desde fevereiro. Das suas últimas 9 vitórias, só uma não foi por dois dígitos (e foi por 9). Eles estão 24-4 nos seus últimos 28 jogos. Modelos avançados de The Ringer (23%) e 538 (31%) já colocam Boston como favorito ao título.

Quem vai parar o Boston Celtics?

Miami contra os reservas

O Miami Heat tem sido um dos times mais incríveis da temporada, e ainda mais considerando que absolutamente ninguém parece falar deles. Miami é o time de melhor campanha da Conferência Leste apesar de todos seus principais jogadores terem perdido um CAMINHÃO de jogos: Butler perdeu 23 jogos, Adebayo perdeu 25, Lowry perdeu 17, e o time teve que contar com muitos minutos de caras como Max Strus, Gabe Vicent e Omer Yurtseven. Eles ainda estarem em primeiro no Leste é um testamento à genialidade de Erik Spolestra e à invejável cultura do Heat.

Mas essa semana foi uma de extrema bizarrice para o Heat. Jogando com o time praticamente completo, Miami tinha dois jogos complicados em sequência contra Philadelphia 76ers e Golden State Warriors. Só que, quando chegou a hora, o Heat acabou enfrentando times quase reservas: os 76ers descansaram Joel Embiid e JAmes Harden, e Golden State Warriors jogou sem Curry, Thompson E Draymond Green. Deveria ter sido um passeio.

Mas não foi: Miami conseguiu de alguma forma perder AMBOS os jogos contra os reservas das equipes. Contra os Warriors, a coisa ficou tão feia que Jimmy Butler e Udonis Haslem quase chegaram às vias de fato no banco de reservas, sendo separados pelos companheiros. Eu não vou exagerar na reação a dois jogos, nem falar que o vestiário está rachado, nem nada —mas, se o Heat tivesse vencido esses dois jogos relativamente fáceis, estaria praticamente garantido como melhor campanha do Leste. Ao invés disso, com duas derrotas, apenas um jogo separa Miami de Bucks, Sixers e Celtics.

A geração Shaq

Essa offseason, o Tampa Bay Buccaneers adquiriu o guard Shaq Mason em troca com o New England Patriots, reforçando sua linha ofensiva. Com a troca, ele se junta ao defensive end Shaq Barrett para formar uma dupla de Shaqs no time que foi campeão do Super Bowl um ano atrás.

E se você acha que o nome é uma coincidência, pense de novo: o nome completo de Mason na verdade é Shaquille Olajuwon Mason, e o de Barrett é Shaquil Akeem Barrett! Com grafias diferentes, ambos receberam o nome em homenagem aos dois mesmos jogadores: Shaquille O'Neal e Hakeem (originalmente Akeem) Olajuwon, os dois lendários pivôs dos anos 90/2000!

E o mais curioso é que, embora ambos sejam nomeados em homenagem a Shaq (o pivô), ela não se refere ao Shaq dominante do seu auge. Barrett nasceu em 1992, quando Shaq era calouro na NBA, e Mason em 1993, quando Shaq estava indo apenas para o segundo ano! Isso é um testamento gigantesco ao tamanho que Shaq teve como jogador mesmo antes de pisar na NBA (E definitivamente depois que pisou pela primeira vez), bem como seu alcance dentro e fora das quadras. Como conta esse artigo da Vice, estamos vendo uma nova geração de Shaqs chegando ao esporte profissional.

A batalha dos tanks

As novas regras do Draft e a criação do play-in tornaram o tanking - quando um time perde de propósito para ter uma escolha melhor no Draft —muito menos comum na NBA, e cada vez menos times tem incentivos para tal - especialmente porque agora o benefício marginal de uma posição a mais ou a menos ficou minúsculo. Ainda assim, a essa altura, alguns times estão com um olho (ou os dois) já no recrutamento.

Ontem tivemos um belo lembrete disso quando Magic e Thunder —ambos com 20 vitórias— se enfrentaram em Oklahoma City em um duelo no qual os dois times se esforçaram muito para perder e quem acabou ganhando (mas perdendo) foi o Thunder, enquanto o Magic perdeu (mas ganhou). Não vou postar os melhores momentos desse jogo aqui por motivos óbvios.

Mas, em termos de tanking, ninguém atualmente se equipara ao Portland Trail Blazers, um time que bizarramente tomou a decisão de tankar quando perdeu Damien Lillard por lesão mas que continuou ganhando depois disso —estragando totalmente seus planos e forçando a equipe a medidas extremas para garantir as derrotas e escolhas de Draft melhores. Desde o All Star Game, o catadão dos Blazers venceu um jogo e perdeu onze, sendo que SETE dessas derrotas foram por 30 pontos ou mais.

Tem coisa boa demais acontecendo na NBA nessa reta final, mas as vezes é bom lembrar também daqueles que merecem nossa solidariedade e pesar.