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OPINIÃO

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Lakers e Nets perdem, Celtics no topo, e o caos da reta final na NBA

Kevin Durant, do Brooklyn Nets, celebra durante jogo contra o Milwaukee Bucks nos playoffs da NBA - Elsa/Getty Images/AFP
Kevin Durant, do Brooklyn Nets, celebra durante jogo contra o Milwaukee Bucks nos playoffs da NBA Imagem: Elsa/Getty Images/AFP

29/03/2022 04h00

Com menos de oito jogos faltando para o fim da temporada regular da NBA, normalmente a essa altura os jogos restantes seriam quase burocráticos. Mas com a introdução do play-in, a NBA criou (como era sua intenção) uma série de novas disputas por posição que estão mantendo a liga aquecida até nesse momento normalmente associado com irrelevância. E alguns jogos do final de semana garantiram que essa situação continuaria até o fim.

O mais relevante - e mais dramático - desses foi a sequência do New Orleans Pelicans no final de semana. No sábado, a equipe da Louisiana enfrentou o San Antonio Spurs em um importante confronto direto na briga pelas últimas vagas do play-in na conferência Oeste; uma vitória colocaria os Pelicans três jogos acima da equipe do Texas, com vantagem no critério de desempate, basicamente garantindo sua vaga no mini-torneio. Mas os Spurs conseguiram vencer o jogo na prorrogação, e se colocaram novamente na briga - apenas um jogo atrás dos Pelicans e agora tendo eles próprios o critério de desempate.

Na noite seguinte, os Pelicans enfrentaram os Lakers em outro jogo crucial: se Los Angeles ganhasse, abriria vantagem sobre os rivais, e afundaria ainda mais os Pelicans. Em caso de derrota, no entanto, Los Angeles cairia para o décimo lugar, apenas um jogo na frente dos Spurs. Considerando que os Lakers tem o calendário restante mais difícil da NBA, com 6 dos 8 jogos restantes contra times de playoffs, uma vitória era importantíssima para garantir algum respiro e tranquilidade para a vaga no play-in.

E, durante o primeiro tempo, é o que parecia que iria acontecer, com os Lakers abrindo uma vantagem de 23 pontos antes do intervalo e mantendo total controle do jogo. Mas, mais uma vez, tudo veio abaixo para os Lakers, que anotaram apenas 39 pontos no segundo tempo e cederam 67 para permitir a virada aos Pelicans.

LeBron James, depois do jogo, resumiu a partida como um microcosmo da temporada inteira dos Lakers, e com razão, mas isso não passa a totalidade do impacto que a derrota tem sobre os Lakers. A equipe agora caiu para décimo lugar, atrás dos Pelicans, e apenas um jogo à frente dos Spurs - que tem a vantagem do desempate no confronto direto. Para piorar, LeBron James alegou estar sentindo fortes dores no tornozelo após a derrota, o que coloca sua disponibilidade - e até efetividade - em xeque para o resto da temporada. Los Angeles tem apenas um jogo de frente sobre os Spurs e um jogo atrás dos Pelicans, e com sua tabela difícil pela frente, é altamente possível que os Lakers acabem ficando de fora não só dos playoffs, mas também do play-in.

Do outro lado, outro time estrelado sofreu uma derrota significativa que pode afetar suas chances na pós-temporada. Com o antivaxx Kyrie Irving fazendo sua estreia jogando em casa nessa temporada (após New York mudar suas regras exigindo vacinação), os Nets receberam os Hornets em outro confronto direto, mas uma terrível noite do perímetro acabou custando caro ao time do Brooklyn. Os Hornets venceram, e as implicações do resultado são complicadas para os Nets: os dois times empataram em campanha e os Hornets agora tem a vantagem do desempate, derrubando os Nets para a nona colocação.

A diferença entre a oitava e a nona colocação é brutal; no primeiro caso, você precisa apenas vencer um jogo em duas tentativas para classificar para os playoffs, enquanto no segundo precisa vencer dois consecutivos. Claro, a diferença é pequena, e os Nets tem um calendário fácil pela frente com Durant e Kyrie jogando em tempo integral, então a lógica nos diz que os Nets ainda tem uma boa chance de conseguir retomar esse oitavo lugar. Mas a derrota para os Nets criou um problema legítimo para a equipe, e com tão poucos jogos pela frente, a margem de erro é pequena.

Por fim, a última semana criou uma nova espécie de caos no topo do Leste: derrotas improváveis (para não dizer um completo colapso) do Miami Heat abriram a briga pela melhor campanha da conferência, e agora quem senta no topo do Leste é o Boston Celtics, que continua parecendo um bicho-papão que faria os Monstars parecerem o Washington Generals. Mas a diferença é minúscula: apenas meio jogo separa os Celtics no topo dos Sixers (que, bizarramente, começaram o dia em primeiro e despencaram ao perder para os Suns) em quarto, uma mostra da enorme paridade que tem marcado a conferência Leste em 2022.

Essa é uma briga que ainda está totalmente aberta - Boston, o melhor time da conferência, tem um calendário extremamente difícil e deve descansar jogadores em meio a um surto de lesões - mas é incerto o quanto ela realmente importa no grande esquema das coisas. A paridade entre esse Top4 torna difícil manipular a classificação por um caminho mais fácil até as finais, e com os Nets ainda incertos sobre qual colocação (sétimo ou oitavo) ficariam com um eventual play-in, evitar o adversário mais difícil na primeira rodada também não parece algo prático. No fim, eu me pergunto se os times em si vão se importar com a classificação, ou se descansar jogadores para a pós-temporada vai ser prioridade para as equipes envolvidas.

Ainda assim, entre tudo isso, teremos um drama bastante bem-vindo para essas últimas duas semanas de temporada.