Definindo os quintetos ideais da temporada 2021-2022 da NBA

Agora que já passamos pelo prêmio de MVP da temporada e pelo resto dos prêmios individuais da NBA para 2021-2022, vamos continuar a cobertura dos melhores do ano com os times ideais da temporada. Para quem não sabe, a NBA divulga sete quintetos nesse sentido: três times All-NBA, os quintetos ideais da temporada, com os melhores jogadores do período; dois times All-Defense, os quintetos ideias de defesa; e dois All-Rookie, os times dos melhores calouros.

Hoje então vamos falar sobre os três times All-NBA, que são uma discussão mais complexa, e amanhã (quinta) finalizamos a brincadeira com o resto dos times.

Para começar, precisamos adereçar o elefante na sala. Segundo a regra da NBA, cada time All-NBA precisa ser composto de dois armadores (guards), dois alas (forwards), e um pivô. O problema é que esse ano, de novo, dois pivôs (Jokic e Embiid) estão entre os três melhores da temporada, então pela norma da liga um deles teria que ficar no segundo time da temporada. Para tentar contornar o problema sem resolvê-lo, a NBA optou por deixar tanto Embiid como Jokic elegíveis para serem votados como alas - embora ambos tenham combinados para exatos ZERO minutos jogando de ala na temporada. É uma meia medida ridícula, e esse meio termo - sem esclarecer qual direção os votantes devem seguir - só causa mais problemas e confusões.

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Pessoalmente, eu acho que a falta de critério vai acabar fazendo com que um dos dois caia para o segundo time; ainda assim, eu optei por deixar os dois no primeiro time (um deles como ala) simplesmente porque me deu dor física tentar derrubar um deles. Embiid e Jokic foram dominantes demais, soberanos demais para um deles ficar de fora do meu 1st Team, e se a NBA não se move para resolver o problema mas abre a porta, eu vou fazer o que me permitir dormir melhor a noite. Então Jokic (que joga mais no perímetro que Embiid) entra como ala, o que nos da três certezas para o primeiro time nos três finalistas para o prêmio de MVP: Giannis e Jokic como alas, Embiid de pivô.

Isso nos deixa duas vagas para armadores no 1st Team, e essa é uma das decisões mais difíceis dessa coluna: selecionar dois entre Stephen Curry, Ja Morant e Luka Doncic.

A princípio, quando eu comecei a mergulhar nas análises, eu achei que por conta da lesão Curry ia acabar caindo para o segundo time, mas admito que fiquei surpreso ao ver que ele vai acabar praticamente empatado com Luka e bem na frente de Ja em partidas disputadas. E, sem esse peso dos jogos perdidos no comparativo, eu ainda acredito que Curry é quem mais merece essa vaga no 1st Team; seus números brutos podem não ser tão impressionante quanto dos outros dois, mas parte disso é por passar menos tempo com a bola na mão, e ninguém na NBA - ninguém na história do basquete - cria tanto para seus companheiros fora da bola, simplesmente existindo e distorcendo defesas, que Steph Curry. Além disso, para um ano "ruim" dos seus arremessos, ele ainda mantém de longe a maior eficiência do trio. Em quadra, da para contar em uma mão os jogadores que impactam o jogo remotamente tanto quanto Curry, e se você ainda duvida disso, é só olhar o quanto os Warriors entraram em colapso após a lesão de Curry - e lembrar que os Grizzlies estão 20-2 sem Ja Morant, e que Dallas tem sido igualmente bom na ausência de Luka. Isso não é de modo algum uma crítica aos dois ou uma mostra de que o time é melhor sem eles (tem MUITA variável que afeta esse tipo de análise) mas uma amostra prática do valor insubstituível de Curry para os Warriors.

Para a segunda vaga de armador eu fiquei com Luka, em grande parte pelos jogos perdidos por Ja (a partir de certo ponto, começam a fazer bastante diferença) mas também porque Luka é um monstro. Além de ter sua melhor temporada defensiva, Luka exerce um controle e eficiência sobre o jogo que são de outro planeta, tirando o máximo de um elenco muito limitado. Se não fosse um começo de ano lento, ele estaria até na briga por MVP.

Ja, portanto, é um dos armadores do segundo time All-NBA. O outro nome foi fácil. Eu não achei que Booker entrava na conversa pelo primeiro time contra três jogadores que carregavam um papel muito maior nos seus respectivos times e ataques, enquanto Phoenix é um time cujo sucesso vem muito mais do coletivo e do todo, mas ele é tranquilamente o nome do topo do próximo escalão: 27 pontos, 5 rebotes, 5 assistências por jogo, e alguém que efetivamente se transformou em um sólido defensor. Eu sempre tive em mente que um armador dos Suns iria ficar com essa vaga no 2nd Team, mas em geral eu tendia a Chris Paul - um jogador mais completo e cuja influência transformadora é a base do que os Suns montaram. Mas, com Paul perdendo algum tempo lesionado e Booker assumindo a função de forma perfeita e mantendo Phoenix dominante como sempre (seu mês de março, aliás, foi uma coisa de outro planeta), eu acabei tendendo a Book. Mas não tem muito como errar: um dos armadores dos Suns fica no segundo time, e o outro fica com a primeira vaga do quarto.

Por fim, a última vaga de armação do terceiro time fica entre Trae Young e Donovan Mitchell. Os dois tem um argumento válido e são ótimos jogadores, mas pessoalmente eu não consigo superar o fato de que metade do jogo de basquete é defesa, e Trae é o pior defensor da NBA inteira. Eu escrevi uma coluna a respeito, tanto sobre a defesa horrenda de Trae como sobre como esse é parte gigante do motivo dos Hawks estarem tão mal na temporada, então não vou me repetir, mas optei pelo jogador mais completo e que menos tira de cima da mesa.

Nas posições de ala, por sua vez, as decisões foram mais fáceis. Com Jokic/Embiid e Giannis no 1st Team, o segundo time me pareceu óbvio que deveria conter Kevin Durant e Jayson Tatum. Eu cheguei a cogitar LeBron para uma das vagas - liderando a liga em pontuação aos 37 anos e com números brutos incríveis - mas é difícil justificar isso considerando que os Lakers estão em décimo primeiro da conferência e o quão bom tem sido os outros dois jogadores supracitados: Durant talvez seja o melhor atleta por jogo da temporada inteira, e só caiu para o segundo time (e fora da briga pelo MVP) por causa dos jogos que perdeu; Tatum, por sua vez, tem sido espetacular dos dois lados da quadra para o melhor ou segundo melhor time da temporada, o Boston Celtics. E isso não é simplesmente dizer que quem ganhou mais jogos importa mais - Durant também joga por um time décimo na conferência, embora nesse caso essa queda tenha uma relação muito direta com os jogos perdidos por ele - mas simplesmente porque o nível de basquete que você precisa jogar para um 1st seed é bem diferente de um 10th seed; cada jogo importa mais, a dificuldade é maior, e no fim sua produção ajuda a construir algo muito mais relevante e significativo. Não é tanto um demérito do LeBron quanto é um mérito de Tatum e Durant, e por isso James caiu para o terceiro time.

A última vaga de ala, por sua vez, acabou ficando para mim entre DeMar DeRozan e Pascal Siakam, talvez por conta de um injusto viés temporal já que nas últimas semanas DeRozan e os Bulls estão em queda, e Siakam e os Raptors em ascensão. Mas, no fim, DeRozan - alguém que era citado na conversa de MVP um ou dois meses atrás - acaba levando; não por ter números um pouco melhores (incluindo avançados), mas pela maior consistência, tempo de jogo e o maior fardo que carregou ao longo do ano. A gente pode ter esquecido já, mas esse foi o cara que literalmente ganhou três ou quatro jogos sozinho nos segundos finais para os Bulls em janeiro.

Por fim, com Embiid e Jokic no 1st Team, sobram os pivôs para os dois times restantes. No 2nd Team, nada mais justo do que ser de Karl Anthony-Towns, tendo a melhor temporada da sua carreira para um time de Minnesota que secretamente tem sido mais dominante do que você imagina; ele é o mais versátil pivô pontuador da atualidade, seus números são espetaculares (especialmente a eficiência, e tem sido sólido na defesa.

Para o 3rd Team, minha dúvida ficou entre Bam Adebayo e Rudy Gobert. Pessoalmente, eu prefiro Adebayo entre os dois: Gobert não foi tão bem defensivamente esse ano (tanto que nem entrou na minha lista de finalistas para DPOY), e Adebayo foi melhor que ele dos dois lados da quadra. Mas, de novo, eu acabo caindo na questão dos jogos disputados. Adebayo jogou 54, e Gobert 62; a diferença pode não ser das maiores, mas quando você já perdeu mais de um quarto da temporada regular, cada jogo importa. Gober tendo jogado quase 14% a mais de minutos que Adebayo faz bastante diferença, mais tempo em quadra e mais tempo para afetar positivamente o jogo. E, ainda que Gobert não esteja sendo tão bom quanto Adebayo dos dois lados da quadra, ele ainda é um defensor muito bom e um jogador ofensivo subestimado e de grande impacto para Utah; no total, Gobert fica com meu voto.

O resultado final:

1st Team: Stephen Curry, Luka Doncic, Giannis Antetokounmpo, Nikola Jokic, Joel Embiid.
2nd Team: Ja Morant, Devin Booker, Kevin Durant, Jayson Tatum, Karl-Anthony Towns.
3rd Team: Chris Paul, Donovan Mitchell, LeBron James, DeMar DeRozan, Rudy Gobert.