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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Quem formam os times ideias de defesa e de calouros da NBA em 2022

Marcus Smart e Robert Williams, do Boston Celtics, defendem infiltração de Ben Simmons, então nos 76ers - Tim Nwachukwu/Getty Images
Marcus Smart e Robert Williams, do Boston Celtics, defendem infiltração de Ben Simmons, então nos 76ers Imagem: Tim Nwachukwu/Getty Images

07/04/2022 04h00

Primeiro, a coluna sobre quem seria meu voto para MVP da NBA. Depois, o resto dos prêmios individuais da temporada, incluindo Calouro do Ano e Defensor do Ano. Ontem, os três times All-NBA, os quintetos ideais da temporada. Agora é hora de terminar nossa cobertura das honrarias de temporada regular da NBA em 2021-2022 com os times que faltam: All-Defense, os quintetos ideais de defesa; e All-Rookie, o time dos calouros.

All-Defense

Os times All-Defense (ou seja, os quintetos de melhores defensores da temporada) são sempre difíceis porque, como eu sempre insisto, defesa é algo extremamente difícil e cheio de nuances, impossível de se capturar em estatísticas ou highlights. Lembre sempre disso antes de falar que eu odeio seu time.

Dito isso, um bom lugar para começar foi o que eu escrevi quando expliquei meu voto para Defensor do Ano. Na ocasião, eu disse que tinha ficado entre seis candidatos: Bam Adebayo, Jaren Jackson Jr, Robert Williams, Marcus Smart, Mikal Bridges e Giannis Antetokounmpo, com os últimos sendo meu Top3. Então, naturalmente, isso serve como um bom guia para montar dois times All-Defense.

O nome ausente desses finalistas que causou algum questionamento foi o de Rudy Gobert, atual DPOY e que (apesar de ter regredido caído um pouco esse ano) ainda é um defensor de elite no basquete; de fato, alguns analistas que eu tenho na mais alta conta como Zach Lowe e Chris Herring tem Gobert como 1st Team All-Defense, então acho que vale uma explicação. O que a meu ver afetou o impacto defensivo de Gobert e fez ele cair um pouco no comparativo com os demais tem menos a ver com o francês em si, e mais em como times tem ficado cada vez mais sabedores em como atacar Gobert; não que (como alguns afirmam) isso tenha neutralizado Gobert ou "exposto" o pivô, mas tende a minimizar seu impacto total.

O colapso recente de Utah contra os Warriors é uma boa ilustração disso: durante três quartos, Utah manteve Gobert perto do aro, e os Warriors usaram o seu próprio pivô para fazer corta-luz no perímetro e abrir bolas longas para Klay Thompson e Jordan Poole. Eles acertaram algumas, mas travou todas as outras ações dos Warriors porque Gobert continuava protegendo o garrafão. Mas no quarto período, quando os Warriors começaram a virada de 23 pontos, Klay e Poole acertaram arremessos demais e Gobert não podia mais recuar e dar espaço para os chutes; ele então precisou avançar mais e marcar no perímetro, o que fez bem, mas abriu uma série de outras ações para Golden State que terminaram de afundar Utah. Talvez isso diga mais sobre limitações do esquema de Utah que Gobert em si, mas é algo que tem reduzido seu impacto no jogo desse lado da quadra e, em 2022, achei que o coloca um nível abaixo dos já citados.

Isso posto, vamos para o time em si. Meu Top6 supracitado já preenche o primeiro time: Smart e Bridges entram como os dois armadores (Bridges poderia entrar tanto como guard ou forward, armador ou ala, mas preferi deixar ele aqui para acomodar o resto), Giannis e Jaren Jackson como os alas. Para pivô, optei por Adebayo, que como eu disse achei o defensor mais impactante do ano por jogo (tirando o cara citado abaixo), e como tanto ele e Robert Williams perderam muitos jogos, a diferença nos minutos é mínima. Adebayo fica no 1st Team, e Robert Williams entra de pivô no 2nd.

Restam então quatro posições no segundo time, e para elas eu tenho duas certezas apenas: Matisse Thybulle entre os armadores, e Draymond Green entre os alas. Thybulle fica de fora do 1st Team e da disputa de defensor do ano por causa da falta de minutos, apenas 25 por jogo e 1625 totais no ano (para efeito de comparação, Mikal Bridges tem 35 por jogo e 2793 no total), mas ele entra naquele patamar de ser um dos defensores mais dominantes e impactantes da liga inteira quando está em quadra, um polvo humano que parece estar em todos os lugares da quadra ao mesmo tempo. Já Draymond tem como problema os jogos perdidos (vai terminar o ano com 45, ou perto disso) e eu entendo se ficar de fora por completo de algumas listas, mas ele era DE LONGE o favorito a DPOY e melhor defensor da liga antes de machucar. Ser o melhor defensor da NBA por meia temporada não é suficiente para te colocar no primeiro time ou briga por DPOY, mas para mim merece a vaga no segundo time.

A última vaga de armador ficou entre Fred VanVleet, Dejounte Murray, Patrick Beverley e Jrue Holiday; acabei indo com o primeiro, talvez o melhor defensor de uma defesa genuinamente assustadora dos Raptors, VanVleet pode não ser o defensor mais chamativo e nem ser o protótipo do armador defensivo, mas é incrível o quanto ele atrapalha os adversários a cada segundo de jogo - desviando bolas, cortando linhas de passe, tirando jogadores do seu lugar.

Para os alas, eu também cheguei em uma lista seleta de candidatos, mas admito que o motivo pela decisão final foi meio bizarro: eu simplesmente queria celebrar de alguma forma o fato de que tivemos não um, mas DOIS calouros de nível All-Defense esse ano em Herb Jones e Evan Mobley. Sabe o quão raro é isso? O último calouro a ser All-Defense na NBA foi Tim Duncan em 1998, 24 anos atrás, e Duncan vinha de quatro anos na universidade; Evan Mobley passou apenas um ano em USC, e entrar na NBA defendendo desse jeito é coisa de outro planeta. Com tantos jogadores empatados ou muito próximos por essa última vaga de ala, eu achei justo dar esse reconhecimento a Mobley.

1st Team: Smart, Bridges, Antetokoumpo, Jackson Jr, Adebayo
2nd Team: VanVleet, Thybulle, Mobley, Green, Williams.
Menções honrosas: Murray, Beverley, Holiday, Alex Caruso (guards); Jones, Dorian Finney-Smith, Pascal Siakam, Jayson Tatum, Jimmy Butler (forwards); Gobert, Jarrett Allen, Joel Embiid (pivôs).

All-Rookie

No caso dos times All-Rookie, existe uma diferença fundamental para os demais: ele não tem posições. Ou seja, é simplesmente escolher os cinco melhores jogadores para cada time, e ponto. Quatro das cinco vagas do primeiro time, portanto, são indiscutíveis, os quatro que eu citei quando discuti o prêmio de Calouro do Ano: Cade Cunningham, Evan Mobley, Scottie Barnes e Franz Wagner. Qualquer 1st Team All Rookie que não tenha esses quatro está errado, eles foram claramente superiores ao resto da classe.

A partir disso, no entanto, é totalmente uma questão de opinião e critério. Como eu digo faz tempo, essa tem sido uma classe absurdamente especial de calouros, com um número gigantesco de atletas tendo grande impacto imediato, de modo que selecionar mais seis entre uma lista de uns 15 ou 20 nomes é quase impossível. Não só tem nomes suficientes para merecer um 3rd Team All-Rookie (hoje só existe dois), como ainda assim você deixaria gente boa de fora.

Para preencher as últimas vagas, portanto, entramos em critérios. Eu falei na coluna passada sobre como um dos critérios que eu mais valorizo para Calouro do Ano é um jogador que foi capaz de produzir E contribuir para uma situação vencedora; o mesmo critério naturalmente importa aqui, embora em um grau ligeramente menor. Para All-Rookie, em especial, eu também tendo a olhar mais favoravelmente para calouros que tiveram um auge excepcionalmente bom, mesmo que curto.

Com isso em mente, decidi colocar o já citado Herb Jones no 1st Team sobre Josh Giddey, meus dois finalistas para a posição. Giddey então cai para o segundo time, onde fica cercado de Ayo Dosunmu (assumiu um papel excepcionalmente difícil com as lesões de Caruso e Ball em Chicago, e brilhou por um time de playoffs) e Bones Hyland (papel bem importante para o desfalcado Nuggets) pelo prisma da contribuição para times de playoffs que precisaram de cada minuto, e de Jonathan Kuminga e Jalen Green pelo quão dominantes foram nos momentos onde tudo encaixou e tiveram minutos e espaço para brilharem. Mas, de novo, não tem como errar aqui entre um número enorme de nomes merecedores de atenção.

1st Team: Cunningham, Mobley, Jones, Wagner, Barnes.
2nd Team: Giddey, Dosunmu, Hyland, Jalen Green, Kuminga.
Menções Honrosas: Alperen Sengun, Ziaire Williams, Jeremiah Earl-Robinson, Cam Thomas, Jalen Suggs, Davion Mitchell, Chris Duarte.