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14 Anéis

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Respondendo às perguntas dos leitores sobre a temporada 2021-2022 da NBA

Josh Christopher e Jalen Green, calouros do Houston Rockets - NBA/Twitter
Josh Christopher e Jalen Green, calouros do Houston Rockets Imagem: NBA/Twitter

08/04/2022 04h00

Depois de cobrir os prêmios individuais de fim de ano aqui no 14 Anéis, e com o play-in começando semana que vem, me pareceu uma boa hora para esvaziar a caixa de entrada e colocar um ponto final na temporada regular da NBA respondendo às SUAS perguntas, às perguntas dos leitores, sobre essa temporada e o futuro da NBA.

Raul Ribeiro
"O elenco do clippers se provou bem resiliente nessa temporada sem as suas estrelas, o que você espera deles pra essa próxima temporada com o possível retorno de kawhi e Paul George?"

Vitor: Se Kawhi e George voltarem em 2023 e estiverem saudáveis, eles são, sem dúvida, candidatos ao título. É um time que, além da resiliência, continua achando contribuintes e tem uma identidade bem definida na qual estão confortáveis e tira o melhor do seu elenco. Entre isso e a provável volta de Jamal Murray e MPJ em Denver, é melhor que os times do Oeste joguem com urgência nesses playoffs, porque as coisas ficarão bem mais difíceis ano que vem.

João Pedro Rodrigues do Vale
"Depois de uma temporada como a 20/21, é normal a fan base do Knicks tá bem decepcionada com a atual. O Knicks hoje tem assets e um FO aparentemente capacitado, então o que fazer? Trocar Randle? Trocar os role players por peças melhores? Demitir Thibs? Qual a decisão o Knicks deve tomar para não estagnar?"

Vitor: Se teve algo de bom nessa temporada dos Knicks, foi que o time parece ter encontrado um mapa para o futuro nessa reta final após ser eliminado dos playoffs. Ficou claro para o grande público algo que alguns (como eu!) já defendiam faz tempo: RJ Barrett é o melhor jovem jogador dos Knicks, e é em torno dele que o time tem que se montar. Muitas movimentações recentes foram na contra-mão disso, e os Knicks estão pagando o preço. Cercar Barrett de um bom playmaker e arremessadores deveria ser prioridade.

Mas, infelizmente, o maior problema dos Knicks começa no topo: James Dolan é um dos 3 piores donos esportivos da atualidade, e enquanto ele continuar lá, os Knicks sempre terão problemas.

Fabiano Dantas
"Só vejo bons argumentos quanto à redução dos jogos da temporada regular da NBA: você automaticamente vai valorizar seu produto pela "escassez" por consequência poderá aumentar o valor dos ingressos, e esportivamente os jogadores mais descansados acarretarão em um menor número de lesionados e melhores jogos, espetáculos, aumentando a importância também da temporada regular. O quão próximos estamos de isso acontecer de verdade?"

Vitor: Infelizmente (porque eu também acho que seria ótimo para a NBA), bem longe. E o motivo é simples: dinheiro. Menos jogos significa menos receita de ingressos e principalmente de televisão, o que diminui não apenas a receita dos times, mas também os salários dos jogadores que são calculados em cima dessa receita. Em outras palavras, você precisa que jogadores E donos concordem em reduzir seus ganhos. Muito difícil.

Gabriel Martins
"Qual o teto do Josh "Giddey? Pra mim ele é um dos jogadores mais fascinantes dessa classe."

Vitor: Eu honestamente não faço ideia! Giddey é um jogador tão único, tão diferente do comum que é muito difícil de projetar. O fato de ser um jogador tão extremo - elite nos rebotes, nos passes, na visão de jogo, péssimo na defesa, nos arremessos - também não ajuda, e torna tudo mais dependente de contexto. No fundo, acho que acima de tudo ele vai depender muito de contexto, de ter o elenco certo ao seu redor para maximizar suas forças e esconder suas fraquezas. Consigo ver ele sendo um cara All-NBA no contexto certo e com o desenvolvimento certo... também consigo ver ele sendo um reservão de temporada regular no contexto errado.

Matheus (@mat_ocs)
"Dos times de pior campanha na atual temporada, qual é a franquia que tem mais potencial para se tornar competitiva a curto prazo?"

Vitor: A resposta mais fácil é que seja os Blazers; Portland decidiu abraçar o tanking após a lesão de Damien Lillard, mas o plano é ter sua estrela saudável de volta em 2023 e, com sua escolha de Draft e a flexibilidade salarial que criaram, montar um novo time competitivo ao seu redor. Mas, pensando nos times realmente recomeçando, eu acho que vale ficar de olho nos Pistons; Cade Cunningham é legítimo, e um trio de Cunningham, Bey e uma escolha Top5 desse Draft pode dar uma fundação bastante forte para a equipe.

Fabiano Dantas
"Em uma futura expansão da liga qual cidade você acha que seria contemplada primeiro: Seattle ou Las Vegas?"

Vitor: Eu acredito que, quando uma expansão acontecer, a NBA vai optar por criar dois times simultaneamente, para evitar um número ímpar de times que criaria diversos problemas quanto a balanceamento de conferências e calendários. Mas, se precisassem escolher uma antes, seria Seattle; pegaria muito mal que não fosse, e já tem a estrutura pronta para acomodar um time imediatamente (Vegas está prometendo essa estrutura para 2026).

Matheus Ferrareze
"Por que você acha que mesmo com o sucesso dos estrangeiros na NBA, as equipes não buscam expandir seus horizontes de análise de prospectos para ligas de segundo escalão da europa, ou outros territórios? Tenho a impressão que as escolhas ainda focam muito no basquete universitário americano"

A meu ver, times estão buscando, sim! Cada vez mais times da NBA possuem olheiros dedicados exclusivamente ao basquete europeu, e estão interessados em explorar esse mercado. Mas vale destacar três pontos aqui:

Primeiro, o salto para a NBA é gigante, e times querem jogadores mais prontos para competir em basquete de alto nível - algo que vai ser mais fácil achar nos times de ponta da Europa e na NCAA. De certa forma, os times da NBA confiam que os universitários e times profissionais ao redor do país farão esse papel de "triagem" de já buscar os maiores talentos.

Segundo os times tem muito mais informação sobre os jogadores nacionais que estrangeiros; esses atletas nos EUA são observados, analisados, cobiçados e treinados de forma ampla desde os 10, 12 anos, dando aos times uma base muito mais ampla de avaliação para tomar a decisão do que tem com jogadores na Europa.

E, por fim, humanos são extremamente conservadores na tomada de decisões; mais do que tentar acertar, eles preferem evitar errar. Se você errar fazendo o que todo mundo faz - no caso, escolher jogadores universitários - você vai atrair menos atenção e críticas do que se fizer isso tentanto algo diferente ou fora da curva. É uma forma dos GMs até preservarem seus empregos. Então sim, o viés nacional existe e vai continuar, embora acho que cada vez mais ele tem diminuído.

Noah Cooper
"Queria te perguntar sobre Houston. Como você avalia o processo de tanking deles, quem deveria sair, quem deveria ficar, se silas é o técnico ideal, qual seria a escolha do draft perfeita para o time..."

Eu moderadamente otimista com os Rockets, mas acho que eles tem uma offseason delicada pela frente. Quando você é um time ruim, qualquer talento serve; mas, quando começa a ter as peças centrais e tenta criar uma cultura, jogadores problemáticos como KPJ e Christian Wood se tornam uma questão. Eu pessoalmente tentaria me livrar dos dois e montar o time ao redor de Green-Sengun-Tate-Pick 2022, trazendo um bom criador para armar o jogo e adicionando arremessadores que ajudem os jovens a se desenvolverem. Chet Holmgren, em especial, seria perfeito nos Rockets - ajudaria a cobrir Sengun na defesa e o complementaria muito bem no ataque, dando um segundo pilar junto de Green para a montagem do elenco. Nesse sentido, 2023 também seria uma temporada para ver exatamente o que o time tem em Silas.

Second Level
"Como você acha que seria o Lakers mantendo o young core (Ball, Ingram, 4 pick), picks futuras e o cap para receber uma estrela livre sem fazer a troca por AD?"

A pergunta de um milhão de dólares. Seria um núcleo interessante; considerando que os Lakers com espaço salarial sempre têm uma chance razoável de atrair algum agente livre, você conseguiria facilmente imaginar um time com, digamos, LeBron, Lonzo, Darius Garland, Ingram, Caruso e alguns agentes livre como Jae Crowder ou Spencer Dinwiddie. Esse time teria ganho um título? Talvez não... mas ainda seria um time muito bom, possível candidato ao título nesse tempo, e um que ainda deixaria os Lakers com uma base boa para o futuro (e todas suas escolhas para futuras trocas). Não da pra dizer que a troca de Davis foi um erro porque os Lakers GANHARAM um título com ele, mas é um "e se" bastante interessante da história moderna do basquete.