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OPINIÃO

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Tudo o que você precisa saber sobre os jogos do play-in da NBA

Bruce Brown e Caris LeVert em ação durante confronto entre Nets e Cavaliers - Tayfun Coskun/Anadolu Agency
Bruce Brown e Caris LeVert em ação durante confronto entre Nets e Cavaliers Imagem: Tayfun Coskun/Anadolu Agency

12/04/2022 04h00

Finalmente, chegamos nesse momento: a temporada regular da NBA terminou, e os playoffs da NBA começam no sábado, dia 16/04. A única coisa que nos separa nesse momento é o play-in, o mini-torneio que vai definir os últimos quatro participantes da pós-temporada.

Para quem não sabe como funciona, uma rápida explicação/lembrete: Hoje, na NBA, os seis primeiros colocados de conferência vão direto para os playoffs; os times que terminam entre sétimo e décimo de cada conferência, no entanto, jogam o play-in. O sétimo e oitavo colocado se enfrentam em um jogo único, e quem ganha garante a sétima vaga da conferência; em paralelo, nono e décimo colocados se enfrentam em uma partida qualificatória. Quem vencer ganha o direito de enfrentar o perdedor do jogo entre sétimo e oitavo, novamente em jogo único, e o vencedor fica com a oitava e última vaga de playoffs. Em outras palavras, sétimos e oitavos colocados tem duas chances para vencer um jogo e chegar na pós-temporada, enquanto os nonos e décimos colocados precisam vencer dois jogos seguidos.

Isso posto, vamos dar uma olhada em como os confrontos se desenharam.

Conferência Leste

#7 Brooklyn Nets vs #8 Cleveland Cavaliers (Terça, 12/04, 20h)

Foi por muito pouco que os Nets evitaram o desastre, mas vencendo os quatro jogos finais da temporada eles conseguiram se colocar em boa posição para ir aos playoffs. Com Kyrie Irving e Kevin Durant (mas sem Ben Simmons), todo mundo sabia que os Nets estavam um nível acima do play-in; mesmo com uma defesa que tem sido verdadeiramente tenebrosa, é poder de fogo demais (e Kevin Durant é um alien) para times menores. Agora, apenas uma vitória separa os Nets de garantir a vaga definitiva.

Entre todos esses quatro jogos iniciais, eu imagino que os Nets será considerado com folgas o maior favorito, e é compreensível; sua temporada foi atrapalhada pela lesão de KD, a ausência antivacina de Kyrie e a troca de Harden, mas os dois primeiros estão resolvidos por ora. Para piorar, os Cavaliers ainda devem continuar desfalcados do All Star Jarrett Allen, e a equipe não é profunda o suficiente para compensar sua ausência de outras formas. A defesa dos Nets é vulnerável, especialmente para times que chutam muito de três, mas os Cavs não são bem equipados para aproveitar isso; eles precisarão usar bastante Kevin Love, mas isso vai afetar a defesa, e a dupla Love-Mobley não tem sido boa junta em quadra esse ano. Em geral, é realmente difícil negar que os Nets tem uma vantagem considerável na partida.

Mas basquete não é jogado no papel, e jogo único tudo pode acontecer. Os Cavs mostraram o ano todo que são um time resiliente e perigoso, e eu ficaria surpreso se o jogo for um massacre como muitos parecem esperar.

#9 Atlanta Hawks vs #10 Charlotte Hornets (Quarta, 13/04, 20h)

Esses dois times não foram bons na temporada regular, mas são dois times que eu odiaria enfrentar no play-in em um esquema de jogo único. Ambos tem péssimas defesas, o que prevê um jogo de placar elevado, aumentando a variância da partida, e seus ataques podem ser verdadeiramente explosivos. Ambos são extremamente irregulares, sim, mas irregularidade tem altos e baixos, e ambos possuem ótimos altos - e você só precisa de um jogo bom no play-in para estragar a temporada de alguém.

Esse tipo de irregularidade também torna difícil prever um resultado. Os Hawks foram ligeiramente melhores durante a temporada e tem o mando de quadra, mas tudo que precisa é um jogo frio do perímetro para ativar o mortal jogo de transição dos Hornets; Atlanta é um time que sofre demais na transição defensiva, e Charlotte pode aproveitar isso. Ainda assim, é difícil imaginar como os Hornets vão parar o jogo de pick-and-roll de Trae Young, o que é a chave para tudo que os Hawks fazem.

No fim, eu acho que Atlanta tem uma leve vantagem, mas definitivamente um dos jogos mais imprevisíveis dessa leva.

Conferência Oeste

#7 Minnesota Timberwolves vs #8 Los Angeles Clippers (Terça, 12/04, 22h30)

Se Nets vs Cavaliers é no papel o jogo mais desequilibrado desses quatro, Wolves e Clippers é o mais imprevisível. E, ao contrário de outros jogos que você vai ver no play-in, não são dois times menos relevantes disputando o que pode acabar sendo uma vaga de consolação; com Paul George de volta, Clippers e Wolves são legítimos times de playoffs e dois que Memphis e Suns não devem estar satisfeitos com a perspectiva de enfrentar.

Os Wolves são uma variável mais conhecida; eu escrevi sobre eles mês passado, e tudo continua valendo. É um time legitimamente bom, e quando Edwards e Towns estão no seu melhor, são muito difíceis de se vencer. Los Angeles é menos claro o que são; os números são inferiores aos dos Wolves, mas vale lembrar que passaram quase 65% da temporada sem Paul George (e ela inteira sem Kawhi, embora ele continuará de fora). Os Clippers terminaram o ano 6-1 desde a volta de George e vencendo alguns bons times no processo, mas todos praticamente jogando contra reservas. Nós não temos muito para saber exatamente o que esperar desse time, o que naturalmente coloca os Wolves em vantagem.

Mas descartem ou subestimem os Clippers por própria conta e risco. É um time que achou nos playoffs de 2021 sua identidade, e tem se montado ao redor dela desde então. LA é profundo e versátil, e os coadjuvantes estão jogando o fino da bola. Eles vão jogar mais baixo, e forçar a defesa dos Wolves até o limite; se Karl-Anthony Towns conseguir castigar esse small ball, então os Wolves terão seu caminho para a vitória. Mas se não conseguir... as coisas ficam feias para Minnesota.

O melhor jogo desse quarteto, a meu ver.

#9 New Orleans Pelicans vs #10 San Antonio Spurs (Quarta, 13/04, 22h30)

Sem querer diminuir o que os Spurs conseguiram e sua temporada, mas a gente tem certeza que esse time sequer queria essa vaga no play-in? Em 2022, o time finalmente pareceu abraçar que seu caminho era o de reconstrução. Draftou um dos jogadores mais novos e crus da classe de Draft, trocou um dos seus dois melhores jogadores (Derrick White) por ativos futuros, quase fez o mesmo com seu Jakob Poeltl, e se livrou de Thad Young por escolhas de Draft. O time terminou o ano 34-48 (embora as métricas avançadas sejam mais gentis com San Antonio), perdendo as três últimas partidas. Os Spurs só chegaram aqui por pura incompetência dos Lakers e do resto do Oeste.

E, ainda assim, aqui estão eles. Não que algum time vá jogar o play-in para perder, claro, mas eu questiono se os Spurs não preferem a escolha de loteria que viria com uma derrota para os Pelicans - um time que vem jogando muito bem ultimamente e está embalado mesmo sem Zion. Os Spurs não são ruins como alguns parecem pensar; eles tem um saldo de pontos melhor do que o dos Pelicans, vale citar, e entre Murray (quase um All Star esse ano), Poeltl (ótimo protetor de aro) e a versatilidade defensiva de caras como Keldon Johnson, o time também tem as peças para dar trabalho. Só pela campanha, você subestimaria o quão - na falta de um time melhor - decente esse time pode ser.

Mas ainda vale o questionamento: o Spurs QUER ganhar essa vaga para ser varrido pelos Suns na primeira rodada? De novo, não acho que os Spurs vão perder de propósito nem nada, mas a verdade é que provavelmente é melhor para a equipe ser derrotado aqui do que vencer. E, contra um Pelicans que não apenas está na ascendente como tem uma motivação desesperada para vencer (e convencer Zion a ficar em NOLA), eu me pergunto se isso pode não acabar fazendo a diferença.

Palpites: Pelicans, Wolves, Nets e Hawks.