De favoritos ao título à varrida: a temporada de fracasso do Brooklyn Nets

Antes da temporada 2021-2022 da NBA começar, o Brooklyn Nets de Kevin Durant, Kyrie Irving e James Harden era considerado o franco favorito ao título da NBA - as casas de apostas davam aos Nets uma chance implícita de título aproximadamente 31%, com folga a maior da liga (curiosamente, o #2 de Vegas eram os Lakers, com . Ops!). Para efeito de comparação, o atual campeão Bucks tinha probabilidades implícitas de 11% em Las Vegas. Os Nets eram cotados como o grande bicho-papão da NBA.

Avance oito meses, e o Brooklyn Nets acabou de ser eliminado dos playoffs da NBA de forma humilhante: varrido na primeira rodada sob vaias da sua torcida, a única equipe a sair sem uma vitória sequer da pós-temporada. Os Lakers de 2022 podem ter atraído mais atenção na conversa de times mais decepcionantes de todos os tempos, mas os Nets não ficam muito atrás.

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Em retrospecto, os sinais de alerta começaram bem antes da temporada em si. A recusa de Kyrie Irving em se vacinar e sua posição negacionista e conspiracionista significavam que ele não poderia jogar no estado de Nova York - ou seja, todos os jogos em casa do seu time - devido a restrições estatais contra a COVID-19 e não-vacinados. A princípio, os Nets afastaram Kyrie dizendo que não faria sentido ter o um jogador part-time, mas acabaram cedendo após uma série de lesões no resto do time. Foi um sinal do que estava por vir.

A recusa de Irving em se vacinar e ajudar o time causou problemas internos, e um deles supostamente foi um esgotamento da relação de Harden com seus companheiros - o que levaria Harden a eventualmente forçar uma troca por Ben Simmons, que não jogou uma partida sequer pelos Nets nesse ano. Lesões a Harden (depois Simmons) e Durant, mais a ausência prolongada de Irving por causa da sua postura tóxica antivacina, fizeram a equipe despencar na tabela e forçaram os Nets a jogarem o play-in antes de poderem ir aos playoffs, e enfrentarem logo o poderoso Boston Celtics na primeira rodada. Você pode argumentar que foi um ano de azar para os Nets com todas as lesões, questões ligadas a COVID, problemas internos e contexto de modo geral, mas a verdade é que os Nets foram responsáveis por muito desse suposto azar com a personalidade problemática das suas estrelas e decisões dentro e fora de quadra, e grande causa da própria decepção.

Mais para o final da temporada, pareceu por alguns instantes que os Nets tinham condições de salvar o ano; Nova York mudou suas regras de vacinação - liberando Kyrie para jogar em tempo integral - Durant voltou de lesão, e havia boatos de que Ben Simmons poderia voltar para os playoffs. Os Nets emendaram uma sequência sólida para terminar o ano e garantir o sétimo lugar, passando pelos Cavs no play-in e criando confiança na sua torcida a ponto de cantarem "NÓS QUEREMOS BOSTON!" no ginásio.

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Digamos que não foi uma decisão sábia.

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A varrida em si para Boston talvez não tenha sido tão vergonhosa como parece a princípio - todos os jogos foram apertados, com a terceira menor margem de vitória para uma varrida - mas foi um fim adequado para essa temporada decepcionante, e deixou claro a diferença de nível dessa versão dos Nets para um time que sonha de verdade com o título. Kevin Durant, a grande superestrela do time, teve 22 pontos de média, com 36% nos arremessos de quadra e mais turnovers (17) do que assistências (16), nos três primeiros jogos antes de finalmente aparecer bem no Jogo 4; Kyrie Irving teve 39 pontos no Jogo 1, mas apenas 15 pontos por jogo de média nos três seguintes a 37 FG% e 18 3PT% e defesa horrenda. Ben Simmons continuou de fora, apesar de uma narrativa bastante pública de que ele voltaria no Jogo 4 (e de um terno espalhafatoso que virou piada na internet). Não é só a derrota, é como ela se deu, e o que ela diz sobre o Brooklyn Nets.

Com isso, o Brooklyn Nets completa três anos desde que assinou com Kyrie Irving e Kevin Durant no verão de 2019; nesse tempo, a equipe tem uma única vitória em séries de playoffs no currículo, e em nenhuma venceu mais de 48 jogos. Em 2020, Durant ficou de fora a temporada inteira (como já era esperado), e os Nets foram varridos na primeira rodada dos playoffs também sem Kyrie. Em 2021, o time trocou por James Harden, esperando (entre outras coisas) que uma terceira estrela ajudasse a proteger a equipe contra lesões; a equipe eventualmente viu Harden E Kyrie se machucarem nos playoffs, e os Nets caíram no Jogo 7 diante dos Bucks por causa do dedão de Kevin Durant. E agora uma varrida em 2022. Não é exatamente o que você esperava quando esse time foi montado. Parte disso realmente foi azar, em especial em 2021 - quando poderiam ter vencido os Bucks e talvez o título se Kyrie OU Harden não se machucam - mas boa parte disso foram problemas dos jogadores e do modelo que adotaram.

Considerando o futuro, o que isso significa para os Nets? No papel, o time ainda está em boa situação; os Nets podem facilmente trazer todo esse núcleo de volta, e tentar de novo. Um time com Kyrie, Seth Curry, Joe Harris (que não jogou contra Boston, machucado), Ben Simmons, Kevin Durant e Nic Claxton (Bruce Brown é agente livre, mas ainda pode voltar) no papel é uma base excepcional; você pode ter um ataque imparável cheio de chutadores ao redor do Big Three, enquanto Simmons adiciona uma defesa muito necessária a esse elenco. Eu defendo faz algum tempo que o papel ideal para Simmons é o do Draymond Green, defensor versátil que funciona como facilitador no ataque cercado de arremessadores que escondem suas limitações, e jogar com Irving e Durant seria perfeito para ele assumir a função. Nunca foi razoável achar que Simmons iria entrar depois de quase um ano sem jogar no time dos Nets e executar essa função completamente nova de forma produtiva, mas com uma offseason inteira e a temporada regular pela frente, esse trio pode ser um encaixe excelente. A volta de Harris oferece mais um arremessador com tamanho e alguma competência defensiva nas alas, algo que o time sentiu falta demais contra Boston. O time vai ter um ano inteiro para construir o tipo de entrosamento e identidade que faltou esse ano. No papel, os Nets tem tudo para voltarem como fortes candidatos ao título em 2023.

O problema é que nada desse time dos Nets funciona como no papel, em parte por ter algumas das personalidades mais imprevisíveis e complicadas da NBA. Kyrie Irving é agente livre, e embora já tenha dito que quer reassinar, ele é famoso por mudar de ideia o tempo todo. Além disso, será que os Nets querem mesmo pagar um contrato máximo para Kyrie, o cara que desapareceu na metade da temporada passada sem dar explicações, que perdeu 50 jogos em 2022 por sua postura antivacina, que foi tão mal nos jogos finais desses playoffs, que sofre com problemas de lesões todo ano, que tem já 30 anos, e é uma das pessoas mais difíceis e problemáticas da liga? Sua postura antivacina que prejudicou o time foi um dos supostos motivos para Harden querer ir embora; quanto esse desgaste se estende ao resto do time? Será que os Nets não preferem fazer um sign and trade por, digamos, Spencer Dinwiddie e Maxi Kleber ao invés de continuar apostando todas as fichas em uma única cesta tão imprevisível? A troca de Harden por Simmons deu aos Nets escolhas futuras de primeira rodada, o que significa quem a equipe pode olhar mais para o médio prazo do que antes.

A verdade em geral é que os Nets tem sim um caminho para serem um forte candidato ao título, mas eles continuam cheios de dúvidas - exatamente o cenário dos últimos anos. Será que tempo é a única coisa que separa Ben Simmons de uma volta às quadras, ele que supostamente afirmou aos Nets estar lidando com um bloqueio mental ligado às suas dores nas costas? Será que Durant, agora com 34 anos, vai conseguir manter esse nível por muito tempo? Será que esse time, composto por tantos jogadores dados a lesões, vai conseguir ficar saudável?

Se as respostas forem "sim", então os Nets tem motivos de otimismo, motivos para continuarem se enxergando como um favorito ao título. Mas, até agora, as respostas a perguntas semelhantes tem sido um retumbante "não" - e os Nets precisam se perguntar se isso é apenas acaso e azar, ou se o problema está nos próprios blocos nos quais o time foi construído.