Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Jayson Tatum, Stephen Curry e a poesia histórica das Finais da NBA em 2022
A temporada 2021-22 não é apenas mais uma temporada para a NBA; é um ano especial, no qual a maior liga de basquete do planeta comemora seu aniversário de 75 anos, e é fácil ver que a NBA levou a data a sério. Entre uniformes e logos especiais, comemorações ao redor do planeta, eleições dos maiores 75 jogadores da história e muito mais, essa temporada era uma vitrine da sua história e da sua grandeza que a NBA queria levar para o grande público, uma celebração do seu passado ao mesmo tempo que funcionava como uma plataforma para exibir seu presente e futuro.
E, como um grande apaixonado pela história da NBA - afinal, eu literalmente escrevi um livro sobre o assunto - eu admito que foi um ano particularmente interessante nesse sentido, uma chance de relembrar e colocar em contexto muitas das histórias e acontecimentos que moldaram a NBA até os dias de hoje (eu inclusive fiz um podcast especial a respeito junto ao meu amigo Renan Ronchi!). Mas, com as Finais se aproximando para escrever o último capítulo dessa temporada, é impossível não parar um minuto e apreciar a beleza poética do cenário que acabou se desenhando nas finais de conferência.
Uma das iniciativas da liga para comemorar seu aniversário foi a criação do prêmio de MVP das finais de Conferência, nomeando os troféus de Leste e Oeste em homenagem a dois dos atletas mais icônicos e importantes que já passaram pela NBA: Larry Bird, no Leste, e Magic Johnson, no Oeste. 2022, naturalmente, foi o primeiro ano no qual esses prêmios foram entregues - e os recebedores dessa honra não poderiam ser mais adequados.
Stephen Curry, dos Warriors, foi o primeiro vencedor do prêmio Magic Johnson de MVP das Finais da Conferência Oeste, e o paralelo histórico é saboroso. Magic é amplamente considerado o maior armador da história da NBA, marcando época em uma das dinastias mais célebres da NBA, os Lakers do Showtime, que mudou o esporte e transcendeu as quadras para se tornar um ícone da cultura além do basquete. E agora o prêmio que o homenageia vai para o grande armador da NOVA geração pós-Magic, que herdou a coroa de indiscutível melhor armador do esporte de Johnson e que caminha para se igualar (ou até superar) Magic no Panteão dos maiores do esporte. E Curry, é claro, lidera uma das dinastias mais célebres da NBA, que mudou o esporte e transcendeu as quadras para se tornar um ícone da cultura além do basquete. Você não vai encontrar no esporte dois atletas da mesma posição mais diametralmente opostos do que Magic e Curry, mas os paralelos são inegáveis, e com Curry ascendendo rapidamente a escadaria da história do esporte, esse prêmio chega em uma hora simbólica para Curry e tudo que ele representa historicamente.
E também é legal ver o prêmio Larry Bird de MVP das Finais da Conferência Leste, nomeado em homenagem ao lendário ala do Boston Celtics, ir para OUTRO ala do mesmo Boston Celtics, Jayson Tatum. Tatum tem sido a principal peça da reconstrução de Boston, o pilar da transição entre os anos de ouro do Big Three para uma nova versão da equipe que sonhava em repetir os feitos da era anterior. Depois de três passagens pelas finais de conferência - todas derrotas - o título do Leste em 2022 valida de vez essa nova etapa da franquia Boston Celtics, uma que o torcedor espera que seja tão cheia de glórias e vitórias como os anos comandados por Larry Legend. Ver o grande nome dessa nova era receber o troféu nomeado em homenagem a Bird é um simbolísmo tão claro como poderoso.
E o resultado dessas duas trajetórias é uma final que, considerando os 16 times que chegaram aos playoffs, não poderia ser mais perfeita para a NBA - não apenas por ter os dois times mais polarizadores e com maiores torcidas dos playoffs, mas porque são times que representam a história viva do esporte. Tanto Celtics como Warriors (esse ainda na Philadelphia) estavam entre as 11 franquias originais da NBA quando esta foi fundada em 1946, e que estão comemorando seu 75º aniversário assim como a própria liga. Os dois também já se enfrentaram antes nas Finais da NBA, em 1964; naquela ocasião, a NBA vivia seu primeiro grande período de crescimento, quando deixou de ser uma aventura arriscada para se consolidar como uma das principais ligas esportivas dos Estados Unidos, liderada, em grande medida, pela rivalidade que se encontrou naquelas Finais: Bill Russell contra Wilt Chamberlain, o maior defensor da história contra o pontuador mais dominante de todos os tempos, dois pivôs titânicos que transformaram o basquete e popularizaram a NBA a um ponto nunca visto até então.
Naquela ocasião, o Boston Celtics venceu o título por 4 a 1, seu sexto consecutivo e sétimo em oito anos; dessa vez, os Warriors entram como favoritos e carregando uma dinastia nas costas, enquanto os Celtics são os desafiantes tentando subir a montanha.
Eu mal posso esperar.
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