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Paolo Banchero é a primeira escolha do Draft 2022 da NBA; confira o Top5

Paolo Banchero, a escolha #1 do Draft 2022 da NBA - Michael J. LeBrecht II/NBAE, Getty Images
Paolo Banchero, a escolha #1 do Draft 2022 da NBA Imagem: Michael J. LeBrecht II/NBAE, Getty Images

23/06/2022 21h42

Apesar de a falta de uma clara estrela no topo do Draft 2022 da NBA, nas semanas que antecederam ao evento parecia que teríamos um começo sem surpresas: o Orlando Magic iria escolher Jabari Smith #1, o OKC Thunder iria de Chet Holmgren na #2, e o Houston Rockets estaria satisfeito com Paolo Banchero no #3. O Draft, muitos acreditavam, começava para valer a partir da escolha #4.

Mas, para alegria geral, essas certezas não duraram muito; na verdade, não passaram nem da primeira escolha. Foi apenas nos segundos finais antes da escolha que começaram a crescer os murmúrios de que a escolha seria outra, e de fato acabou sendo. O Orlando Magic chocou todo mundo ao escolher Paolo Banchero no topo do Draft.

Apesar de surpreendente, a escolha em geral agradou. Se esse foi um Draft onde não havia quase nenhum consenso - ou algo perto disso - sobre quem era o melhor jogador, Banchero parecia ser o #1 na visão da maioria dos especialistas (mesmo que eles acreditassem que Smith seria a escolha). O ala de Duke é o jogador nesse recrutamento que mais se encaixa na visão de um pontuador principal de uma equipe, um jogador atlético e extremamente forte capaz de pontuar em três níveis e armar o jogo do perímetro. O Orlando Magic claramente tinha uma necessidade na posição 4, de ala-pivô, e era exatamente onde jogam os três principais jogadores do ano; Orlando simplesmente escolheu o que gostava mais entre eles.

Refeito do choque, o Draft prosseguiu como esperado. Chet Holmgren, pivô de Gonzaga, foi a escolha #2 do recrutamento para Oklahoma City, como vinha sendo cotado o tempo todo. Holmgren talvez seja o jogador mais difícil de se projetar desse recrutamento, um jogador de 2m12 de altura que da tocos como Rudy Gobert e arremessa 40% do perímetro, mas que tem menos de 90kg e muitas dúvidas sobre como seu físico vai aguentar a intensidade e força constante do jogo da NBA. É uma aposta de alto potencial que encaixa no que OKC tem feito nos últimos anos.

Jabari Smith, ala de Auburn, acabou então caindo para o Houston Rockets no #3, que sempre se esperou que escolhesse o último que sobrasse desse Big Three do Draft. Pessoalmente, Smith é meu jogador #1 da classe: um ala muito atlético de 2m10 de altura que dobra como o melhor arremessador do Draft, Smith pode ser cru e ainda estar atrás no seu desenvolvimento, mas é um combo de excelente piso com sua combinação de arremesso e ótima defesa, e um alto potencial que ainda tem muito espaço para crescer após jogar em um time que não encaixava ao seu redor. Ele oferece mais uma peça de futuro para Houston juntar com Jalen Green e Alperen Sengun no que rapidamente está virando um dos núcleos jovens mais interessantes da NBA.

Apesar da surpresa de Banchero no topo que alterou a ordem das escolhas, o Top3 do Draft acabou sendo mesmo como projetado, os três jogadores de garrafão saindo 1-2-3. A incerteza começava para valer com o Sacramento Kings no #4, que aliás esteve envolvido em enormes boatos de trocas envolvendo a escolha. No entanto, os Kings não parecem ter recebido a oferta que esperavam, pois acabaram mantendo a escolha e usando-a eles mesmos.

E, para novamente manter o padrão, o Sacramento Kings fez uma escolha - para ser delicado - polêmica, escolhendo o ala-pivô Keegan Murray, de Iowa. Com 22 anos, Murray não tem o potencial dos jogadores escolhidos antes dele, mas é um jogador mais pronto e refinado, capaz de entrar e contribuir no curto prazo para uma equipe no nível NBA, uma das escolhas mais seguras do Draft. Você consegue entender o raciocínio: Jaden Ivey, considerado amplamente o melhor jogador disponível, insinuou abertamente que não queria ser escolhido pelos Kings, e Sacramento está buscando ajuda imediata para voltar à pós-temporada o mais rápido possível, de modo que um jogador com quatro anos de basquete universitário encaixa na visão. Mas, considerando que os Kings terminaram em décimo segundo no Oeste ano passado, dificilmente vai ser um veterano sólido mas não espetacular que vai fazer a diferença para eles.

Por fim, o erro dos Kings acabou sendo o ganho do Detroit Pistons, que viu o extremamente explosivo Jaden Ivey, armador de Purdue, cair no seu colo. Ivey é um dos jogadores mais explosivos e atléticos a entrar na NBA em anos, chegou a ser considerado por alguns o melhor jogador do recrutamento, e os Pistons se tornam os grandes vencedores da noite ao sair com ele na escolha #5. Ivey não é um armador tradicional, mas ele não vai precisar ser em Detroit ao lado de Cade Cunningham; ao invés disso, a presença do jovem astro ao seu lado permite a Ivey jogar mais sem a bola, atacar defesas desmontadas com sua explosão, e colocar sua defesa e arremesso em uso sem precisar assumir um papel tão grande de criação em um primeiro momento. Ivey para Detroit sempre foi um dos meus encaixes favoritos do Draft, e é um acerto monumental tanto do ponto de vista de fit como de talento.

E, é claro, o Draft não acabou por aqui! O recrutamento continua até o #58, com o brasileiro Gui Santos com boas chances de ser escolhido essa noite, e você pode acompanhar tudo que acontece e meus comentários a respeito pela minha conta no Twitter!