Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Do que só os terraflanistas duvidavam
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Há duas grandes potências no futebol brasileiro. Incontestes. De longe. Por ora.
O jogo de hoje, entre Flamengo e Palmeiras, deixou claro o que quase todos que acompanham ambos os times já sabiam. São formas diferentes de atuar, diferentes pontos de desequilíbrio, mas não há, como talvez em 2019 e outros anos, uma supremacia absoluta.
Nenhuma equipe passou a temporada 2020 inteira enchendo os olhos da torcida. Houve momentos de brilhantismo e outros de puro desencanto. Se o Mengão levou 37 rodadas para chegar à liderança do Brasileirão e o Verdão precisou marcar aos 53 do segundo tempo para levar a Libertadores, os títulos estão para sempre marcados na história dos clubes. Que se danem as estatísticas.
Algum gênio cunhou no Twitter o termo "terraflanista". A definição é algo como: pessoa para quem o mundo gira em torno do Flamengo, ou para quem apenas o Flamengo é soberano. Na torcida, acho maravilhoso existirem estes personagens. Palmeirenses poderiam, inclusive, beneficiar-se de dose semelhante de autoestima desmedida. Na mídia, porém, acho lamentável.
Ouvi colegas aventarem esta semana a possibilidade de o Rubro-Negro "amassar" o Alviverde. Claro, a beleza do futebol é justamente o imponderável. Mas o que no histórico de 2020 justificava tal previsão, tamanho (des)crédito?
Com um calendário absolutamente bizarro (em 2021, só um time no mundo entrou mais vezes em campo), o Palmeiras foi campeão do maior torneio do continente e da Copa do Brasil. Sob qualquer métrica, teve a melhor temporada entre os clubes da América do Sul.
O Flamengo, por sua vez, manteve praticamente todo o elenco monstruoso de 2019 e continua contando com os maiores talentos individuais do país - o trio Bruno Henrique, Arrascaeta e Gabigol devia ser contestado pelo CADE. Nada disso impediu a equipe de ser eliminada nas oitavas e quartas de final exatamente das competições que o Palmeiras venceu.
Como mais de um e uma comentarista já disseram, ficam na Gávea os melhores 11 do Brasil, enquanto o Palmeiras talvez tenha o melhor elenco, com mais opções de banco. Como na partida desta manhã, em Brasília, há momentos melhores para um lado e outro, há a sensação de que - ode às Deusas - existe futebol bonito e uma maravilhosa escola de goleiros no Brasil. O que não vejo é hegemonia. Ainda bem.
Por mais equilíbrio de quem ganha para falar de futebol. E por mais terraflanistas e terraverdistas e terrabolistas em todos os outros lugares.
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