Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Querida Conmebol, está difícil manter a amizade
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Nas últimas semanas, você abusou da boa vontade das colegas.
Insistiu em seguir com seus torneios, inalterados, apesar de um surto gravíssimo de Covid que assola o continente. Não contente, pegou o time do Grêmio - depois de três casos confirmados do vírus e um atleta com sintomas apesar de cinco exames negativos - e arrastou do Equador para o Paraguai, sua casa. E você se diz segura, seguidora de todos os protocolos.
Se fosse mesmo segura e não nos oferecesse risco, por que então buscaria furar a fila e abocanhar 50 mil doses de vacina só para você? Enquanto os paraguaios, seus conterrâneos, receberam 66 mil doses, o que significa 0,1% da população do país completamente imunizada, você se uniu ao Uruguai para descolar uma bela leva só para a sua família. Aliás, foi assim que você anunciou o escárnio: ¡La mejor noticia para la familia del fútbol sudamericano!
Aliás dois, o Uruguai, cujo presidente se juntou a você nessa importante missão de proteger seus contratos comerciais, deveria estar preocupado com a gente dele: o país acaba de registrar a maior taxa de contágios diários e a terceira maior taxa de transmissão do mundo. E 30% dos casos são da variante brasileira, a tal da P.1. Tudo em casa.
Nem dentro de campo você está acertando, amiga. Em vez de minimizar o estrago, você quis manter a sua Recopa, torneio de pouca importância, sejamos sinceras, em dois jogos (portanto, em dois países diferentes) e com prorrogação em caso de empate. Pensa bem, há uma pandemia violenta em curso e times absurdamente cansados de uma temporada maluca, de calendário apertadíssimo. Você faz o quê? Bota todo mundo para viajar e depois correr 120 minutos no jogo da volta, mais pênaltis.
Sem falar numa arbitragem tão ruim, mas tão ruim, que até os colegas do seu canal oficial, a Conmebol TV, passaram a transmissão inteira indignados com a galera do apito. Depois a gente conversa sobre a sua ideia de colocar a Recopa com exclusividade num canal que quase ninguém assina, tá?
Enfim, querida, só para te dizer que vai começar a pegar mal. Todo mundo gosta da sua Libertadores, cobiça suas taças, mas vai acabar dando ruim essa história de se achar mais importante que nós aqui, reles mortais. Segura a onda e espera a sua vez, que a gente precisa muito mais de escola, mercado e farmácia, do que da Copa América.
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