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Alicia Klein

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Quem são os bobos da Libertadores

Pará, do Santos, na derrota para o Barcelona de Guayaquil, pela Libertadores 2021 - Divulgação/Conmebol
Pará, do Santos, na derrota para o Barcelona de Guayaquil, pela Libertadores 2021 Imagem: Divulgação/Conmebol

21/04/2021 15h38

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Não tem bobo no futebol. Passei o segundo tempo dos jogos de Santos e Inter, ontem, tentando extrair do meu cérebro um dos clichês mais cretinos do jornalismo. Flamengo e São Paulo ganharam na segunda leva da noite e mudaram um pouco o curso da estreia brasileira na fase de grupos. Mas fica o alerta.

Todos os sete brasileiros figuram na lista dos dez elencos mais valiosos da competição (ressalvas feitas à maneira como se calcula, ou especula, o valor de jogadores), ao lado de três argentinos. Ou seja, todos, teoricamente, carregam a responsabilidade de ir bem.

Enquanto isso, no capítulo de terça da novela Expectativa x Realidade, o que se viu foi: Santos sem chutar uma bola no gol e perdendo em casa para o Barcelona de Guayaquil; Internacional sendo surpreendido pelo ilustre Always Ready, que desferiu mais de 20 bolas contra a meta colorada; Flamengo precisando recorrer a todo o talento individual de seus craques para superar o Vélez; e o São Paulo, esse sim, atropelando um Sporting Cristal invicto há 21 jogos.

Palmeirenses e atleticanos aguardam apreensivos o episódio de hoje, cientes de que crises precisam de pouca faísca, enquanto o Fluminense pega de cara uma das maiores pedreiras do continente, o River Plate.

Quem está aí achando que caiu em grupo fácil, que esse monte de time com nome engraçado só pode ser barbada, sugiro reconsiderar. Além da tradicional pressão que acompanha a Libertadores - e do fator altitude -, esta temporada vem com ingredientes adicionais: cinco semanas seguidas de partidas pela fase de grupos, com jogos a cada dois dias para quem ainda não abandonou os respectivos estaduais, equipes cansadas, viagens apertadas, treino em lobby de hotel, técnicos recém-chegados, com serviço a mostrar. Sem falar naquele detalhe, a pandemia.

Como bem mencionou o colega Tales Torraga, o português Abel Ferreira, com seus longevos cinco meses de Palmeiras, é o veterano da turma "brasileira". Todos os outros seis, dos quais outros três são estrangeiros, estão há menos tempo no cargo. Vai ser um tal de trocar peça com o time em movimento como poucas vezes se viu.

Se tem bobo no futebol, deve ser a gente. Que vai ficar até 27 de maio passando nervoso dia sim, dia também. Sem ganhar 800 mil por mês para isso.