Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Temos falado muito em vexames
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As atuações do Galo no Mineiro e na Libertadores. O Palmeiras ser eliminado no Campeonato Paulista. O São Paulo não ganhar o Campeonato Paulista. O sofrimento do Corinthians. O Vasco e o Botafogo não avançarem no Cariocão.
Talvez a pandemia tenha nos sufocado tanto, a ponto de estrangular nossa humanidade, embaçar nosso senso de prioridade. É tanto jogo, é tanto problema, é tanto absurdo a cada 24 horas, que a gente começa a confundir as coisas. Começa a criticar até goleada, como escrevi na coluna passada.
Vexame, minha gente, é um time jogar três vezes na semana por meses - e ser constantemente cobrado por resultados. Vexame é soltar rojão na janela de treinador - e esperar que alguém imprima seu padrão de jogo sem tempo para treinar, sem paz para viver. Vexame é jogar pedra em ônibus - e achar que vai empurrar o time para frente, e não do precipício. Vexame é não pagar salário - e torcer para todo mundo dar o sangue de graça.
Vexame é o técnico mais longevo dos times brasileiros na Libertadores ter cinco meses no cargo. E o da Série A do Brasileirão, 15 meses. Vexame é pegar um time com surto de Covid e arrastá-lo por três países do continente, porque a Libertadores não pode parar (ao contrário do vírus).
Vexame é criar polêmica onde não tem. Vexame é aceitarmos calados uma cobertura esportiva feita praticamente só por homens brancos. Vexame é tolerar estuprador.
Resultados honestos dentro de campo podem ser criticados, é lógico. Há algo de errado em um time que investe dezenas de milhões e pena para ganhar de adversários infinitamente mais fracos.
Mas parte da beleza do futebol está na sua imprevisibilidade. Usar oscilações para fomentar o caos é oportunismo, ainda mais ao ignorar todos os (muitos) problemas do futebol brasileiro.
Tudo na vida, até o futebol, tem nuances. Quem discorda é clubista.
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