O jeito mais simples de impedir a realização da Copa América

Conversava hoje com amigas e amigos do mundo jurídico sobre quem poderia intervir depois da decisão, irresponsável mas completamente previsível, de trazer a Copa América para o Brasil.

Se a confederação promotora do evento (Conmebol) quer, a confederação sede (CBF) topa, o presidente da República e alguns governadores estão de boa, quem poderá nos defender?

Não será o ministro da Casa Civil, que, embora não tenha confirmado a competição, pareceu se surpreender com tanto furdunço já que há outros campeonatos em andamento no país. Não deve saber sobre todos os surtos de covid no Brasileirão e na Libertadores, onde o vírus vai vivendo bem, obrigado. Nem do desafio que seria imunizar todas as 65 pessoas das dez delegações participantes, conforme exigido, num espaço de 13 dias. Ou vai ter vacina de uma dose só pra geral?

O Ministério Público talvez? Já conseguiram suspender algumas partidas, mudar horários, manter portões fechados, mas daí a bloquear a Copa América, contra a vontade do Executivo, sinceramente, duvideodó.

A mídia? A torcida? A sociedade civil? Os clubes? Difícil.

Agora, digam aí como a Conmebol vai realizar seu sonho sem 11 jogadores de cada lado para entrar em campo? Sem pé-de-obra?

Não digo que veja esta revolução dos atletas como algo plausível. Está aí o finado Bom Senso FC para contar a não-história da união daqueles que realmente fazem a força do futebol.

Nem que ela aconteceria sem punições ou consequências para os estrelados representantes da pelota sul-americana - se bem que acho difícil imaginar uma seleção deixando de convocar seus melhores nomes por conta de um protesto. Tiro no pé.

Pensem só como seria rápido. Jogadores de fora se recusam a vir ao Brasil, um dos epicentros da pandemia. Decisão razoável. Os que já estão aqui se recusam a atuar. Acabou. Não tem presidente de coisa alguma que resolva. Pena que o que temos sejam presidentes que resolvem coisa alguma.

Mas não custa sonhar com dias menos insanos. Adiós, Copa América. Melhor a irrelevância do que a infâmia.