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Ceni no São Paulo e por que é tão difícil renovar cenário técnico do Brasil
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Surpreendendo um total de zero pessoas, Rogério Ceni assumiu ontem o comando do São Paulo. Não que se esperasse a demissão de Crespo antes do fim da temporada, mas a volta do ídolo ao tricolor sempre pareceu apenas questão de tempo.
Assim como a volta de Felipão ao Grêmio. Assim como sua saída. E a frustrada volta de Mano Menezes. E as discussões sobre Celso Roth (pasmem).
Durante quase 20 anos, assistimos a sequências infinitas de "A Volta Dos Que Não Foram". Uma dança das cadeiras com os mesmos nomes, num vai-e-vém sonolento e previsível. O que mudou? Alguns nomes. Porque a reciclagem continua igual.
O treinador mais longevo da série A do Brasileirão é o jovem Mauricio Barbieri, do Red Bull Bragantino. Há longuíssimos 13 meses no cargo, ele é a evidência de que nada muda por aqui.
Abel Ferreira é outro exemplo de que não importa ser novidade, ganhar um monte de coisa, trazer novas ideias de trabalho - ainda que não o futebol vistoso do conterrâneo Jesus. A julgar pela quantidade de vezes em que já se falou sobre sua saída, um alienígena pensaria que ele tem anos de Palmeiras. Ele chegou em novembro de 2020.
Jorge Jesus, aliás, que deixou sua marca no futebol brasileiro, sem necessariamente deixar um legado. Porque legados não se constroem em uma temporada.
Mourinho ergueu seu nome no Chelsea de 2004 a 2007. Guardiola comandou o Barcelona de 2008 a 2012, passou quatros no Bayern de Munique e já leva mais de cinco no Manchester City. Estes são os moderninhos. Arsène Wenger passou 22 anos no Arsenal e Sir Alex Ferguson, 26 no Manchester United. Mais tempo do que algumas leitoras e leitores talvez tenham de vida.
Aqui, Renato Gaúcho fez história recente ao sobreviver por quase cinco anos à frente do Grêmio. Aproximadamente, um século em anos de treinador brasileiro.
Claro, agora temos Barbieri, Roger Machado, Lisca, Sylvinho, Marcão, Tiago Nunes, vários nomes "novos" no Brasileirão. Mas de que adianta renovar - até porque uma hora os de sempre vão envelhecendo e perdendo espaço naturalmente -, abrir espaço para estrangeiros talentosos como Abel, Vojvoda, Crespo, e tudo isso acontecer sob o permanente espectro da demissão instantânea?
Salários exorbitantes supostamente compensam a instabilidade empregatícia. O que compensa a falta de sequência nos trabalhos? A falta de renovação tática? O medo de arriscar? De criar e quebrar a cara? Não há inovação sem tentativa e erro. E se não há espaço para errar, como inovar?
Ferguson levou seis anos para ganhar sua primeira Premier League no United, 12 para levantar o troféu da Champions. Qual a chance de ter construído uma dinastia em terras brasileiras?
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