Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Klein: Pulverização e transmissões ruins fortalecem os piratas do futebol
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Ontem, para assistir a Champions League, Copa do Brasil, Libertadores, Campeonato Carioca e Recopa, por amor e ossos do ofício, precisei realizar uma peregrinação televisiva e internética. Diversos canais e sites, mais ou menos autorizados. Um saco.
A realidade atual da jornalista ou torcedora interessada em acompanhar mais de uma competição envolve muita energia, força de vontade e, claro, dinheiro. É preciso descobrir os diversos horários e plataformas. Contentar-se com qualidades altamente variáveis na transmissão das partidas. Assinar TV a cabo, pay-per-view e serviços de streaming. Ou não.
Muito se reclamou do monopólio que por anos dominou o futebol brasileiro. Determinando horários nem sempre convenientes e dominando clubes altamente dependentes. Pois bem, como não poderia deixar de ser em um país de extremos, saímos deste cenário para a pulverização total.
Em 2022, não se sabe quando, onde e nem como assistir a jogos por aqui. Ou sabe-se. No piratão. Em um dos inúmeros sites que transmitem absolutamente tudo e qualquer coisa. Só é preciso um pouco de paciência com os travamentos, delays e pop-us de procedência duvidosa. E um bom antivírus.
É irreal imaginar que as pessoas vão pagar dois, três, quatro ou cinco serviços para acompanhar seu time do coração. Não há essa cultura da diversificação e, mais importante, não há o dinheiro para isso.
O mercado de direitos de mídia está crescendo e essa "evolução" é inevitável. Há tempos que não vivemos mais no universo da televisão, das experiências conjuntas, dos horários fixos. O mundo é on-demand, sob demanda. Tudo isso aumenta o potencial de receita dos clubes, cria todo um novo setor, empregos etc.
Ainda assim, não consigo deixar de pensar que o modelo atual não vai funcionar. Não só porque fortalece os provedores ilegais, com sua praticidade, mas porque a qualidade não acompanha a diversidade. Quem vai querer pagar por um serviço meia-boca? Áudio ruim, sinal instável, profissionais que erram informações básicas. Fica bem difícil vender esse tipo de produto, em meio a uma enorme oferta de entretenimento - com opções que custam mais barato e entregam grandes produções.
No cenário atual, quem mais tem a ganhar é a pirataria. E os sites de mulher pelada.
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