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Alicia Klein

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Por que a torcida do Palmeiras ainda não está insuportável

Rafael Navarro comemora gol marcado pelo Palmeiras na partida contra o Deportivo Táchira, válido pela fase de grupos da Libertadores - Manaure Quintero/Reuters
Rafael Navarro comemora gol marcado pelo Palmeiras na partida contra o Deportivo Táchira, válido pela fase de grupos da Libertadores Imagem: Manaure Quintero/Reuters

07/04/2022 15h06

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Se você não tem uma amiga ou amigo palmeirense talvez não saiba que se trata de uma das espécimes mais ressabiadas do futebol mundial. Pessimistas. Ou realistas, como queiram.

Pode ter certeza que, mesmo no domingo, com 4 a 0 e um passeio sobre o rival São Paulo, a maioria dos palmeirenses não respirou aliviada enquanto o juiz não apitou o final da partida. Ufa.

É a eterna espera por uma "parmerada".

Mas, pera: depois de duas Libertadores seguidas, uma Copa do Brasil, a temporada 2022 começando com título da Recopa e um Paulista com a virada histórica, ainda assim o pessoal tem o pé atrás?

Sim. Alguns chamam de humildade. Outros de selo antizica. Outros de sabedoria.

Fato é que, quase sempre, um palmeirense chega para o jogo considerando a derrota uma possibilidade real. Quase inevitável. Achando que esse é o pênalti que o Veiga vai perder. É hoje que ele perde, melhor perder logo mesmo, assim acaba esse sofrimento.

Ontem mesmo: adversário mais modesto, time seguro, técnico amado por todos com tempo para trabalhar. Certo que houve quem olhasse para a escalação reserva e pensasse: é hoje que perde. Ah, mas não perde em estreia de Libertadores desde 1974. 1974, cara. Está invicto fora de casa há 15 jogos, desde 2019. É hoje que o porco vai pro brejo. Uma hora a boa fase acaba.

Só que esse porco não vai pro brejo. Esse porco atropela o adversário de tal forma, que os comentaristas se perguntam se o Táchira se planejou para marcar Dudu e Veiga. O Palmeiras misto (com a confiança de quem entende que dá para fazer resultado economizando talentos) não tomou conhecimento do Deportivo Táchira.

Mais um 4 a 0 com domínio total. Oito gols marcados em dois jogos. Ah, mas e o Kuscevic, o Atuesta e o Jailson, hein? Por que venderam o Patrick de Paula? Cadê o Renan? O Weverton está esquisito. Ah, mas e o nove, hein? Será que vem agora que o Navarro desencantou? Porque o Rony não tem a menor condição de vestir essa camisa!

Claro, a maioria está feliz, comemorando e aproveitando para cutucar os adversários em crise. Surfando a onda. Mas sempre com aquela pulga verde atrás da orelha.

Sinceramente, acho que o Palmeiras não tem um adversário a temer no continente. Tem (poucos) adversários à altura, mas nenhum acima de sua capacidade de jogo, de treinamento, foco e dedicação. Pode perder porque é do jogo e uma hora vai acontecer, mas acho que a estreia na Libertadores 2022 deixa claro que o tricampeonato seguido é uma realidade perfeitamente alcançável.

No aguardo do meu selo antizica.