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Alicia Klein

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

A perda de um filho: meu abraço em Georgina e Cristiano

19/04/2022 12h58

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Se existe dor maior que a morte de um filho, ela não deveria existir.

Durante o parto de seus filhos gêmeos, Georgina Rodriguez e Cristiano Ronaldo perderam uma das crianças, um menino. A menina nasceu bem e será mais uma luz na vida do casal, a luz que todos os filhos nascem para ser.

Mas a cicatriz fica. Eterna. E, no caso deles, pública. É preciso comunicar o mundo, fazer declarações, pedir privacidade.

"É com a mais profunda tristeza que comunicamos o falecimento do nosso bebé. É a maior dor que quaisquer pais podem sentir. Só o nascimento da nossa bebé nos dá forças para viver este momento com alguma esperança e felicidade. Gostaríamos de agradecer aos médicos e enfermeiros por todo o cuidado e apoio disponibilizado. Estamos devastados e pedimos privacidade neste momento tão difícil. Nosso menino, és o nosso anjo. Vamos amar-te para sempre."

Este meu texto não pretende expor o casal, a família, ganhar cliques em cima da dor mais inominável.

Este é um abraço apertado, em forma de palavras, em Georgina, em Cristiano e em todas as famílias que, em qualquer estágio da vida, passaram pela pior experiência possível e sobreviveram. E seguiram vivendo.

Como quase um quarto das mulheres que já gestaram, eu sofri um aborto espontâneo. Relativamente cedo na gestação, sem sequelas físicas, com todo o apoio material. E foi horrível. Deixou uma sequela emocional só tornada branda pelo nascimento do meu filho, anos depois. Despertou medos que eu não sabia existirem. Fez-me entender traumas da minha própria família, antes inalcançáveis.

Não comparo a minha perda a outras que me parecem infinitamente maiores, porque uma mãe me ensinou que não há comparação possível, não há medida para esse tipo de dor. Falo sobre a minha quando posso, porque, ao contrário da felicidade, que "só é real quando compartilhada", a dor é mais real, mais insuportável, na solidão.

E não precisamos estar sós. Nunca estamos, de verdade. Georgina, Cristiano, minha família, a sua família, todas e todos vocês que seguem de pé, quando haveria motivos para tombar, todos nós caminhamos juntos, compartilhando da dor e do amor intermináveis que vêm com os filhos.