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Alicia Klein

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Uma diferença entre Abel Ferreira e Vítor Pereira

Abel Ferreira, do Palmeiras, e Vítor Pereira, do Corinthians, se cumprimentam - WILIAN OLIVEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Abel Ferreira, do Palmeiras, e Vítor Pereira, do Corinthians, se cumprimentam Imagem: WILIAN OLIVEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

25/04/2022 17h51

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Vítor Pereira está sendo achincalhado nas redes e por alguns colegas por ter "poupado" titulares contra o Palmeiras, no sábado.

Para piorar, ele testou positivo para Covid-19 e não deve estar no banco contra o Boca Juniors, amanhã, pela Libertadores.

Um parênteses: espanta-me a velocidade com que nós, de fora do dia a dia do clube, somos capazes de cravar que um treinador, que respira a equipe todas as horas do seu dia produtivo, errou.

Lembrou-me da cobrança da torcida palmeirense sobre Abel Ferreira, quando ele decidiu enfrentar o São Paulo com o time reserva, no Allianz Parque, faltando dez dias para a final da Libertadores 2021. Os mais radicais talvez não perdoem a derrota em casa para o rival até hoje, mas o português alviverde, bicampeão da América, pode ostentar um sorriso maroto diante dos críticos.

Em um cenário ideal, um clube deveria ter mais de dois dias de descanso entre um clássico regional e um continental. Cenário este que não existe no Brasil.

Aos treinadores, portanto, cabe gerenciar o elenco, controlar a minutagem, outro termo popularíssimo deste universo insano que comentamos.

No caso do português alvinegro, acho até difícil afirmar que ele poupou titulares, sem ressalvas. Afinal ainda não me parece haver um time titular fechado no Corinthians. Os medalhões todos integram esse grupo? Certamente, o que se viu em campo no sábado não foram os onze principais de VP. Um mistão, quem sabe.

Independentemente de como se queira chamar, não haverá paz em Itaquera. A meu ver, nem com uma vitória sobre o Boca Juniors amanhã.

Se perder, óbvio, terá se exposto contra o grande rival a troco de nada. E, se vencer, na sua casa, não terá feito muito mais que a obrigação depois de tomar uma goleada e precisando se recuperar da inesperada derrota para o Always Ready.

A meu ver, a diferença entre a decisão tomada por Abel e a de Vítor Pereira é que um tinha, àquela altura, pouco a provar e muito a conquistar (além de vir de uma sequência absurda de jogos). O Palmeiras estava às portas da final da Libertadores contra o Flamengo. Era um time consolidado, atual campeão do torneio. Uma equipe que dificilmente seria goleada pelo São Paulo, mesmo reserva.

VP ainda não tem essa moral. Perdeu todos os clássicos que disputou. Começou mal na Libertadores. Dispõe de um elenco mais frágil, em um Dérbi como visitante.

Tomou o risco de abalar o moral de quem já não anda lá tão confiante. A ver se vai ganhar a aposta.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL