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Alicia Klein

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Brasileirão 2022 é ruim, mas é ótimo

Jogadores do Avaí comemoram gol sobre o Atlético-MG no Brasileirão - Alessandra Torres/AGIF
Jogadores do Avaí comemoram gol sobre o Atlético-MG no Brasileirão Imagem: Alessandra Torres/AGIF

30/05/2022 13h23

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É cedo e a coisa pode melhorar, mas o desempenho dos líderes deste Brasileirão é dos piores da história, para esta altura da competição. Com oito rodadas de 38, Palmeiras, Atlético-MG e Corinthians estão empatados com 15 pontos ou 63% de aproveitamento.

E daí? Que diferença isso faz? Talvez nenhuma. Talvez toda.

Mais do que o aproveitamento ruim geral, que também aconteceu em 2020, o que pode tornar a edição deste ano mais divertida é o achatamento.

Peguemos o exemplo do Avaí. Ontem, antes de tomar a virada do Galo, a equipe estava entrando no G4, alcançando os 13 pontos. Mas perdeu, ficou com 10, em 12º lugar e a 3 pontos do Z4.

A diferença entre o trio da ponta e o Juventude, primeiro time dentro da zona de rebaixamento, é de oito pontos. Uma diferença que um time médio dificilmente tirará de um time grande, mas não dá para bobear. Uma ou duas rodadas podem significar ascensão ou queda abruptas.

Tomando 2020 como referência, uma vez que houve emoção até literalmente o último minuto da rodada final, a briga era mesmo só lá em cima e um pouquinho lá embaixo. O Flamengo terminou um ponto à frente do Internacional, com 71 pontos, mas o quarto colocado São Paulo tinha 66, o sexto Grêmio, 59, o 14º Bahia, 44. A média geral foi ruim e espaçada. Os melhores foram bem menos piores que os "mais" piores.

Hoje, praticamente não há espaço. Você pode estar pensando: colunista, calma. Sim, as distâncias crescerão. E é bastante provável que o campeão saia daqueles que se imaginava no começo: Palmeiras, Atlético-MG e Flamengo. Os dois primeiros já chegaram. O rubro-negro está a uma vitória deles.

Ainda acho, porém, que este ano pode ser um pouco diferente, por causa do calendário. A média vai cair. Não só pela rotação dos titulares, mas pelo cansaço mesmo. O futebol tende a ficar mais feio? Sim. Talvez a gente não veja o domínio do Flamengo de 2019 ou do Galo de 2021? Talvez. É possível que o Palmeiras não renda tudo que pode nas diversas competições? Bem provável.

O domínio, a disparada, porém, só interessa a quem desgarra, ao líder isolado. Para o roteiro do Brasileirão, para o desenrolar do drama, o suspense, o que vale mesmo é a média. Ainda que ela seja meia-boca.

Um campeonato ruim pode ser também muito emocionante.