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Ucrânia mais perto da Copa: o alento das certezas do futebol
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Números de guerras são incertos. Os do futebol, não.
Com uma marcante vitória por 3 a 1 sobre a Escócia, a Ucrânia está mais perto da Copa do Mundo. Está também no meio de uma guerra cujo fim é tão incerto quanto a estimativa de mortos, feridos e exilados. Após a invasão russa do país, já se somam quase cinco mil vidas civis e pelo menos três mil militares perdidas, além de muitos milhares de feridos e amputados.
"Todos os ucranianos desejam só uma coisa: que esta guerra acabe", afirmou um emocionado Oleksandr Zinchenko, zagueiro do Manchester City, na coletiva de ontem. "A seleção ucraniana também tem seu próprio sonho, de ir à Copa do Mundo. Quer dar emoções incríveis aos ucranianos, pois merecem neste momento."
Zinchenko contou que cogitou se juntar ao exército ucraniano. "É impossível descrever o que sentimos. O que acontece no nosso país é inaceitável. Devemos deter esta agressão, todos juntos. A Ucrânia é um país de liberdade, que nunca abandonarei."
Pois todos os que permanecem no país e os quase cinco milhões de refugiados ucranianos atualmente na Polônia, Romênia e Alemanha comemoram essa pequena grande vitória, os enormes gols de Andriy Yarmolenko, Roman Yaremchuk e Artem Dovbyk. Que poderia ter vindo em março, mas precisou ser adiada justamente por causa do conflito.
No estádio hoje estavam quatro mil ucranianos. Entre eles, um dos jogadores europeus que mais marcaram minha adolescência: o magnífico atacante Andriy Shevchenko, vencedor da Bola de Ouro de 2004. Bem provável que ele tenha sido a razão de muita gente da minha geração prestar atenção na Ucrânia, até torcer para a Ucrânia. Como provavelmente fazem agora.
(Muitos brasileiros também devem lembrar da Escócia por causa do futebol. Estreia da Copa do Mundo de 1998, vitória da nossa Seleção por 2 a 1. Última vez que os escoceses estiveram em um Mundial.)
A Ucrânia agora enfrenta o País de Gales, dia 5, em Cardiff, pela última vaga europeia da Copa do Mundo.
A invasão russa é complexa, é cruel, é letal. Que a proximidade desta vaga possa trazer alguma alegria a quem vive os impensáveis terrores da guerra.
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