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Paulo Sousa, o churrasqueiro ruim
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Sabe quando você leva carne boa para um churrasco e não come nada que preste? Você vende seu carro para comprar um quilo de picanha, dá na mão da pessoa que está pilotando a grelha e pá, volta uma sola de sapato tostada. Você vende um rim para levar dois quilos de costela, dá na mão do cara do carvão e pá, volta um pedaço irreconhecível de proteína torrada. Tudo tem o mesmo gosto e nada presta. E a cerveja cara está quente.
O Flamengo de Paulo Sousa é isso. Claro, vale checar o prazo de validade de algumas peças, tem uns acompanhamentos ali que não combinam, cabe pedir para alguém trazer um cupim e uma maminha, mas essencialmente os ingredientes são bons. E o churrasco é trágico.
O desempenho de ontem contra o Red Bull Bragantino foi de embrulhar o estômago. Nem contra um adversário com dez em campo o rubro-negro conseguiu se impor, criar algo que prestasse, servir uma jogada palatável. Não teve nem um franguinho, um queijo coalho. Nada.
É quase difícil imaginar que uma equipe que disponha de David Luiz, Rodrigo Caio (agora de volta), Filipe Luís, Arrascaeta, Bruno Henrique, Éverton Ribeiro, Gabigol e Pedro possa jogar tão mal. É quase uma façanha, sério.
O Fortaleza é bom, mas não ganhara de ninguém no Brasileirão. O Red Bull Bragantino é bom, mas vinha de nove partidas sem vitória. O Flamengo conseguiu perder do primeiro no Maracanã e do segundo atuando quase 30 minutos com um a mais. Está há um ponto da zona de rebaixamento. Não pode.
Tem chef que pega qualquer coisa que sobrou na geladeira e, sabe-se lá como, sai-se com um mexidão delicioso. Há quem nunca erre um ponto de carne, deixando até uma peça de segunda saborosa. E ainda entrega uma farofinha cheia de manteiga para compensar. Ou mistura tudo num tropeiro e salva o dia. Gela a cerveja barata num grau, que você até esquece que ela é ruim.
Há treinadores que pegam um elenco nota 7 e entregam uma campanha nota 9, 10. (Sim, estou pensando em Abel Ferreira.) E há treinadores que pegam um elenco nota 8, 9 e não entregam nada. (Sim, estou pensando em Paulo Sousa.)
Seria lindo habitarmos um universo ludopédico que concedesse aos técnicos tempo para trabalhar, conhecer melhor o elenco, imprimir seu estilo. Que dispusesse de paciência. Não é o caso. E todo mundo que vem para cá precisa saber disso. O Klopp não sobreviveria aqui quatro anos sem título. Não tem jeito.
A gente pode lutar para mudar uma realidade, mas a dura realidade é: quem não sabe operar nela enquanto ela não muda não prospera.
Paulo Sousa estragou carne da boa. Em época de vacas magras. Quero só ver quem vai convidar o cara para um churrasco de novo. Nessas terras, eu duvido.
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