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Como é possível amar Valdivia e questionar Rony?
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Ou, então, por que é tão difícil amar os que trabalham duro?
Ontem, Rony finalmente marcou seu tão esperado - e tentado - gol de bicicleta. Uma pintura. A consagração de Ronybikeson. O quinto do Palmeiras no jogo, o 33o na Libertadores 2022 e seu 18o pelo alviverde na competição.
Com 16, ele havia igualado Pelé e Zico em Libertadores. Com 18, ele se descola, pleno, inalcançável pelos gigantescos ídolos do nosso futebol.
E por que ele próprio não alcança este status, o de ídolo inquestionável?
Titular praticamente absoluto de um time incrivelmente vencedor, artilheiro (mesmo atuando fora de posição), recordista, destinatário de declarações de amor de um técnico chato ("Uns gostam, outros não gostam... Eu o amo"), dedicado em níveis provavelmente inéditos. Jogador de uma marcha só, a quinta, ou a sexta. Que nunca desacelera, não importa o contexto.
Impressiona-me ver uma torcida que idolatrou Jorge Valdivia encontrar dificuldades para se jogar nos braços de Rony. Vê-la comemorar, celebrar e aplaudir o camisa 10 de hoje, mas nunca sem ressalvas.
Não tem cacoete de centroavante. Só joga na Libertadores. Perde gols absurdos. Não desiste dessa bicicleta.
Quem não se contenta com sua dedicação quase insana deveria se contentar com os números. Peça chave das conquistas da era Abel, especialmente das Libertadores, ostenta as seguintes estatísticas:
Rony em Libertadores pelo Palmeiras
2020: 11 jogos, 5 gols, 8 assistências, 1 amarelo
2021: 10 jogos, 6 gols, 1 assistência, 0 cartões
2022: 7 jogos, 7 gols, 1 assistência, 2 amarelos
Consistência que chama. Algo que tantos outros nunca tiveram. Suor que tantos outros nunca doaram. Pressão a que tantos outros sucumbiram.
Rony é (ou deveria ser) ídolo inquestionável. Rony é histórico. Rony é único.
Nunca riam de Rony. Porque é injusto e, sobretudo, inútil. Ele não tem freios.
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