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Alicia Klein

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Ignorar que Palmeiras foi prejudicado é fomentar a ruína da arbitragem

Leandro Pedro Vuaden apitou Palmeiras x São Paulo, jogo das oitavas de final da Copa do Brasil - Marcello Zambrana/AGIF
Leandro Pedro Vuaden apitou Palmeiras x São Paulo, jogo das oitavas de final da Copa do Brasil Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

15/07/2022 12h33

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O Palmeiras foi muito prejudicado pela arbitragem nas oitavas de final da Copa do Brasil. Ponto, parágrafo.

Qualquer outra discussão, perdoem-me, deveria ser secundária.

Claro, o São Paulo não tem nada com isso e fez o seu quando lhe coube. Converteu seus pênaltis, segurou a bronca da pressão palmeirense, avançou à próxima fase.

O alviverde, por sua vez, não foi bem na partida de ida e não conseguiu transformar o massacre do primeiro tempo de ontem em goleada. Não converteu os seus pênaltis e ficou de fora das quartas.

Não estou ignorando os outros fatos. Essas ponderações, porém, assim como comentários vazios sobre a coletiva de Abel e questões de sorte, não podem se sobrepor ao fato de que Leandro Vuaden e a equipe do VAR interferiram diretamente no placar de uma partida que valia, no mínimo, 4 milhões de reais.

Falando de ontem: se o lance de Diego Costa em Dudu, no primeiro tempo, não mereceu sequer checagem no VAR, qual o critério utilizado para marcar falta de Gustavo Gómez em Calleri? Calleri que, aliás, parece estar voltando de impedimento no início da jogada. Isso foi analisado pelo VAR?

Nem sempre erros de arbitragem influenciam no resultado de uma partida. Não foi o caso ontem. O lance não assinalado para o Palmeiras e o mal assinalado para o São Paulo (e bem convertido por Luciano), na jogada imediatamente seguinte ao penal perdido por Raphael Veiga, foram determinantes para arrastar a decisão aos pênaltis.

Ignorar erros crassos de arbitragem, especialmente aqueles que resultam diretamente em gol, desviando o foco para declarações em coletiva de imprensa, erros de jogadores, lances desperdiçados ou qualquer outro fator, é imensamente perigoso.

Estamos normalizando um dos maiores males do futebol sul-americano. Estamos dizendo que tudo bem árbitros se utilizarem de critérios duvidosos, errarem mesmo com o recurso de vídeo, deixarem passar lances cruciais. Beleza, segue o jogo.

É claro que torcedores sempre vão esbravejar mais quando o seu time for o prejudicado da vez. Natural que cada um preste mais atenção naquilo que lhe é caro. Mas colocar em segundo plano, chamar de choro, algo tão central ao bom funcionamento do futebol é fomentar um mal que atingirá a todos, em algum momento.

Como ouvi outro dia no excelente podcast "República das Milícias", de Bruno Paes Manso: a impunidade é a semente do próximo crime.