Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Dorival Júnior "desesculhambou" o Flamengo
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Primeiro, permitam-me dar o crédito dessa maravilhosa expressão ao também maravilhoso colega Elton Serra.
Ela reflete exatamente minha visão sobre o rubro-negro atual. O técnico conseguiu o que nem me parece um grande feito, mas que não deixa de ser louvável, diante do trágico trabalho de Paulo Sousa.
Dorival arrumou a casa. Colocou o time nos eixos. Arrumou a bagunça. Botou as coisas no lugar.
Talento nunca faltou ao Flamengo. A equipe parecia aquela adolescente inteligentíssima que se recusa a estudar. O atleta que tem tudo para ser campeão, mas não quer saber de treinar. O funcionário genial que não cumpre um prazo. Um mar de potencial reprimido.
A pergunta de hoje do UOL para os colunistas é justamente: "O Flamengo de Dorival já é o melhor desde Jorge Jesus?" Acredito que sim, embora seja cedo para cravar. Vejo diferentes méritos nos trabalhos de Rogério Ceni, Renato Gaúcho e até Paulo Sousa, mas nenhum deles conseguiu emplacar um rubro-negro consistentemente vencedor. Nem campeão, Ceni alcançou o apoio de torcida e diretoria.
Sousa conseguiu o que me parece, em si, quase um feito: esculhambar um time com alguns dos melhores jogadores do país. Sim, Gabigol se tornou um garçom. Sim, foi ele que deu oportunidades a excelentes meninos da base, como Victor Hugo. Mas não adianta, o elenco não comprou o trabalho do português e o trem descarrilou.
Quando um líder não consegue aglutinar os liderados em torno de suas ideias, adivinha só? O problema muito provavelmente é ele. Ou, no mínimo, ele é o problema mais "fácil" de ser resolvido.
E é o que Dorival está fazendo: resolvendo um problema relativamente fácil de resolver. Difícil, meus amigos, é não ter Arrascaeta, Gabigol, Pedro, Éverton Ribeiro, ou mesmo Léo Pereira, Filipe Luís, Lázaro, João Gomes. Difícil é fazer essa gente toda jogar mal, ao mesmo tempo.
Arrumar um esquema tático para fazê-los render deveria ser possível para qualquer treinador minimamente acima da média, experiente. O losango de Dorival tem feito isso, apesar de ainda sofrer quando perde a bola, especialmente pelas laterais. O técnico brasileiro arrumou uma solução que não só funcionou, como funcionou rápido. Que, como se sabe, é pré-requisito básico de sobrevivência por aqui.
Dorival pode ser o melhor depois de Jesus, mas a fase boa ainda não dura o suficiente para lhe garantir maiores elogios ou alguma tranquilidade. Se é que tranquilidade existe no Brasil…
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