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Alicia Klein

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Nunca dê por morto um gigante: o que faz do Palmeiras o líder da América

Jogadores do Palmeiras comemoram classificação nos pênaltis contra o Atlético-MG - Amanda Perobelli/Reuters
Jogadores do Palmeiras comemoram classificação nos pênaltis contra o Atlético-MG Imagem: Amanda Perobelli/Reuters

11/08/2022 13h35

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A frase inicial é da colega Soledad Rodríguez, comentarista da ESPN Argentina, segundos antes da batida de Murilo, que classificou o Palmeiras em uma noite histórica. O companheiro Federico Bulos narrou assim a corrida do zagueiro até a bola: "Atenção que vai o campeão a uma nova semi".

Por motivos explicáveis, a cobertura da mídia sul-americana é bem mais generosa com o Palmeiras do que a que encontramos por aqui. E, na minha opinião, nada se compara ao lirismo, ao drama poético dos argentinos.

O Palmeiras é e foi gigante. Atuando com um a menos pela maior parte do tempo, conseguiu com sua superioridade física, tática e mental, praticamente eliminar essa diferença. Ocupou todos os espaços do campo, com os mesmos atletas por quase 90 minutos.

Cuca já tinha feito quatro substituições para tentar se acertar na disputa, quando Abel sentiu necessidade de mudar sua equipe pela primeira vez, só aos 43 do segundo tempo - e apenas porque se deparou com a segunda expulsão da noite.

O português confiou plenamente na capacidade dos seus 10 em segurar a força dos 11 do Galo. Mudou praticamente todo mundo de posição (em um 4-4-1 que virou 4-1-4 e depois com uma linha de cinco para fechar), mas não considerou necessário trocar nenhuma peça.

Imaginem a pressão de enfrentar um adversário da qualidade do Atlético-MG, com a obrigação de vencer para avançar, diante da sua casa lotada. Com um a menos por mais de uma hora e dois a menos nos 13 minutos finais de jogo. É difícil imaginar o nível de exaustão física e emocional com que a equipe chegou aos pênaltis. Ao seu único fantasma. Depois de cinco eliminações seguidas.

Diante de tudo isso, ninguém falhou grosseiramente, ninguém cansou a ponto de precisar sair, ninguém perdeu um penal. Seis cobranças, seis bolas na rede.

Na posse de bola, o placar marcou 32-68%, mas o Palmeiras finalizou 13 vezes contra 11 do Galo (2 a 7 nos chutes certos, é verdade). Ou seja, por mais que tenha precisado deixar o adversário com a bola, natural pela desvantagem numérica, não deixou de atacar. Pressionou e foi pressionado.

O Alviverde alcança sua quarta semifinal de Libertadores em cinco anos, a terceira seguida. São 11 na história, igualando São Paulo e Grêmio como os brasileiros que mais chegaram a essa fase da competição. Sob o comando de Abel, é o décimo mata-mata consecutivo com êxito.

Diz o Dalai Lama que "é durante as fases de maior adversidade que surgem as grandes oportunidades de se fazer o bem a si mesmo e aos outros". Ontem, Abel Ferreira e os jogadores do Palmeiras fizeram um enorme bem a si e à sua torcida. E também ao futebol, para quem quiser ver.