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Alicia Klein

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Precisamos falar sobre o fim do futebol sul-americano

Jogadores do Velez lamentam goleada sofrida para o Flamengo em jogo da Libertadores - Marcos Brindicci/Getty Images
Jogadores do Velez lamentam goleada sofrida para o Flamengo em jogo da Libertadores Imagem: Marcos Brindicci/Getty Images

08/09/2022 11h33

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Está definida a terceira final brasileira seguida da Libertadores. Depois de Palmeiras x Santos, e Palmeiras x Flamengo, agora Flamengo x Athletico-PR. O rubro-negro carioca também jogou a final de 2019, contra o River Plate, na última vez em que uma equipe de outro país participou da decisão.

Não é só isso: nessas últimas edições aconteceram goleadas que, nos anos 1990, eram quase impensáveis. Santos 3 x 0 Boca Juniors. River Plate 0 x Palmeiras 3. Vélez Sarsfield 0 x 4 Flamengo. Essas coisas não eram comuns.

Costumávamos dizer que o Boca na Libertadores até ruim era bom. Mesmo sobrevivendo à fase de grupos cambaleando, chegava forte ao mata-mata, sempre perigoso, ainda mais na Bombonera. Não foi o que vimos esse ano. O Boca ruim era ruim mesmo. As partidas contra o Corinthians, que uns anos atrás seriam confrontos históricos, foram duras de assistir. Futebolzinho sofrível.

Nada tira o mérito do Palmeiras na fase de grupos, afinal aproveitou como nenhum outro as fragilidades dos adversários, mas não é normal uma agremiação assinalar 25 gols em seis partidas no que deveria ser a competição mais difícil do continente.

Guardadas as devidas proporções e as diferentes escalações, o Vélez deu muito menos trabalho ao Flamengo do que o Ceará. O Goiás também deve impor mais dificuldades, no domingo.

Como disse um amigo ontem: em mata-mata, esse time do Vélez não tirava o Vasco. Sem qualquer desrespeito ao cruz-maltino. Só não sei mesmo se alguns dos argentinos que estiveram na Libertadores deste ano figurariam no G4 da Série B.

E me refiro aos argentinos, a outra grande força sul-americana. Imaginem então os bolivianos, venezuelanos, equatorianos, que vêm de lugares onde a força financeira nunca vai se equiparar à nossa.

A Conmebol já mostrou que quer ser a Champions League do hemisfério sul. Centralizou a organização do evento, as entregas comerciais, mudou o esquema de transmissões, importou sem dó a final única em um continente gigantesco e mal servido de infraestrutura turística.

Talvez seja a hora de pensar menos na embalagem e focar mais no conteúdo. Porque não adianta querer empurrar futebol ruim para além das nossas fronteiras. Podem ter os melhores logos, slogans, placas de LED e frases de efeito, os pórticos mais bonitinhos. Só a gente vai continuar engolindo, por falta de opção.

Enquanto os mais jovens, sem tanto apego, vão descobrindo a Champions original, essa sim com qualidade de sobra e um monte de gente conhecida do videogame e da Copa do Mundo. Aí quero ver reconquistar?