Topo

Alicia Klein

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

O que justifica considerar Fernando Diniz para a Seleção Brasileira?

Fernando Diniz comanda o Fluminense contra o Athletico, pelo Brasileirão - Robson Mafra/AGIF
Fernando Diniz comanda o Fluminense contra o Athletico, pelo Brasileirão Imagem: Robson Mafra/AGIF

14/09/2022 18h52

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Já declarei publicamente que não sou filiada à Igreja Dinizista, mas acho importante repetir para alertar quem me lê hoje.

Qual não foi então minha surpresa ao emergir do turbilhão que é planejar aniversário de criança (precisa ter todo ano mesmo?) e me deparar com os rumores de Fernando Diniz no comando da Amarelinha.

Quem já teve Dunga de nada duvida. Confesso, porém, que ainda me surpreende a idolatria ao atual técnico do Fluminense.

Concordo que seus times por vezes jogam um futebol vistoso, que ele tenha ideias consideradas modernas e possa, um dia, vir a ser um cara vencedor. Hoje, ele não é.

Um breve histórico:

  • Athletico-PR, janeiro 2018-junho 2018: 3 vitórias, 3 empates, 8 derrotas
  • Fluminense, dezembro 2018-agosto 2019: 7 vitórias, 4 empates, 10 derrotas
  • São Paulo, setembro 2019-janeiro 2021: 36 vitórias, 20 empates, 21 derrotas
  • Santos, maio 2021-setembro 2021: 11 vitórias, 8 empates, 12 derrotas
  • Vasco, setembro 2021-novembro 2021: 4 vitórias, 3 empates, 5 derrotas
  • Fluminense, desde abril 2022: 18 vitórias, 8 empates, 5 derrotas

Sua média de aproveitamento na carreira é menor do que 50%, mesmo considerando somente suas passagens por equipes grandes.

Claro, o trabalho no Fluminense é bom. Está em quarto lugar, com 58% de aproveitamento, empatado em número de pontos com o Flamengo. Tem o quarto melhor ataque do campeonato (40 gols marcados) e uma das piores defesas da primeira metade da tabela (30 sofridos). Tudo indica que se classificará direto para a fase de grupos da Libertadores.

A última chance de título do ano deve ser mesmo o da Copa do Brasil. O tricolor carioca empatou em casa com o Corinthians e precisará se recuperar dentro da Neo Química Arena, amanhã.

E título, para mim, é o quesito no qual o bicho pega quando falam em Diniz na Seleção.

Com todo o respeito: ganhou o quê? Como podem considerar para um dos cargos mais prestigiados do futebol mundial um profissional que não detém um título de prestígio sequer? Sua prateleira ostenta apenas duas Copas Paulista e um Campeonato Paulista Série A3. O último deles em 2010.

Não duvido de forma alguma que Diniz tenha potencial para chegar lá. O que eu não pensava de Dunga, por exemplo. Só não acho que o lugar para ele crescer seja já como treinador do Brasil.

Ganha uma casca, conquista uns canecos, faz teu nome, depois volta para assumir a prancheta, que a Seleção não é balão de ensaio.