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Alicia Klein

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Fluminense perde de novo: se não é de resultados, do que vive o Dinizismo?

Fernando Diniz, técnico do Fluminense, no duelo contra o Fortaleza, pelo Campeonato Brasileiro - Thiago Ribeiro/AGIF
Fernando Diniz, técnico do Fluminense, no duelo contra o Fortaleza, pelo Campeonato Brasileiro Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

06/10/2022 12h50

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Ontem, o Fluminense tomou a virada do Atlético-GO e praticamente deu adeus a qualquer sonho remoto de conquistar o título brasileiro. Título que seria o primeiro de Fernando Diniz.

Suponho que o Dinizismo siga vivo, afinal ele não vive de resultados. Mas não consigo deixar de me perguntar: vive de quê, então?

O futebol bonito e criativo que ora ganha, ora perde? A criatividade inigualável que boa parte dos torcedores dos times por onde passou não quer ver nem pintada de ouro?

Curiosamente, os Dinizistas relevam até o seu temperamento, nem sempre condizente com o que costumamos esperar de um psicólogo. Confesso que eu, pessoalmente, aqui no meu âmago, no que diz respeito a mim, na minha opinião estritamente individual, nunca superei o episódio Tchê Tchê.

Já disseram que o próprio Diniz chorou e até que hoje eles se dão bem, teriam feito as pazes. Mas na única entrevista em que falou mais extensamente sobre o assunto, o jogador deixou claro que a situação não foi bem resolvida.

Oito meses depois de ter sido xingado de "perninha" e "mascaradinho", no Podcast Podpah, Tchê Tchê mandou a real:

"Mas depois do jogo você vê a proporção que o bagulho tomou, você chegar em casa todo mundo mal, seu pai te ligar chorando. É totalmente na contramão dos princípios que eu fui criado. Não sou mala, não sou perna, não sou arrogante, não sou uma pessoa que ninguém pode falar comigo que eu vou virar de cara de feia. Só que, mano, ele foi mal naquilo. Tanto é que depois a gente conversou. Eu não me sentia à vontade, ninguém me protegeu no clube. Ninguém tomou a frente do bagulho. Simplesmente foi: "ah, aconteceu. É o pai dele". Eu não tenho pai nenhum no futebol. Eu fiz o bagulho acontecer desde o início, ninguém fez favor para mim. Ninguém me coloca para jogar, eu não visto a camisa dos clubes que eu visto porque eu sou bonito. Eu fiz o bagulho acontecer real. Eu é quem está do meu lado desde o começo."

E ainda: "Não pegou bem para mim, para a minha esposa, para a minha família. E era uma pessoa que conhecia a minha família. Tanto é que ele pediu depois para que eu pedisse desculpas para a minha família. Mano, eu não vou chegar e eu pedir desculpas por ele. Na época ele poderia ter ido e falado que foi mal. E as coisas simplesmente foram rolando. E eu não me posicionei para não parecer que eu queria ficar marcado por isso. Do tipo: ele arrumou uma briga com o treinador, os caras perderam o título e foi por esse motivo. Esperei passar. Tanto é que até hoje... é a primeira e última. Vocês não vão me ouvir falar mais. Não foi um negócio saudável para mim."

Muitos dos que gostam de Diniz defendem seu jeito apaixonado e justificam algumas atitudes pela intimidade que ele desenvolve com os atletas. Pode até ser, mas passados oito meses de um incidente grave, o ofendido seguia ofendido e magoado com técnico e clube. Ou seja, errou e não soube corrigir o erro.

Para quem não se importa com nada disso, só liga para o que acontece dentro de campo, bola na rede, ponto na tabela: o que leva Diniz, então, a ser tão exaltado a ponto de o contemplarem para a Seleção Brasileira?

Seu Fluminense tem o mesmo número de pontos do Corinthians, cinco derrotas a mais que o Internacional, sem falar nos 12 pontos (que, hoje, podem virar 15) atrás do Palmeiras.

Expliquem para a tia, por favor: como vive o Dinizismo? Do que se alimenta?