Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Do que palmeirenses precisam para ter sossego nas próximas rodadas
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Parte da torcida do Palmeiras - e da imprensa - começou a falar em ansiedade e tensão em relação ao título brasileiro. A equipe leva oito pontos de vantagem sobre o Internacional, com seis partidas para o fim. O confronto direto na rodada derradeira mantém acesa a chama de quem quer acreditar que o campeonato não acabou.
Mas acabou. Essa sensação meio pessimista causada pelos dois empates seguidos do Alviverde, casados com duas vitórias do Colorado, parece-me quase uma busca pelo sofrimento desnecessário. A lembrança de um 2009 que guarda pouquíssima semelhança com o que este Palmeiras se tornou.
Desnecessário não apenas pela confortável distância e a consistente campanha do time de Abel Ferreira, mas especialmente pelo momento do país. Com tudo que tem sido este mês de outubro, esta desagradável espera pelo dia 30, para que buscar sarna para coçar-se?
O que eu gostaria de ressaltar nesta terça-feira besta, porém, não é o iminente hendeca/unodeca/undeca. E, sim, o outro destaque de 2022. Endrick Felipe Moreira de Sousa.
Tente se lembrar do que você estava fazendo com 16 anos. Merda, provavelmente. Se era uma pessoa melhor do que eu e não estava errando, é razoável supor que também não estivesse realizando grandes coisas. Estava sendo adolescente, como quase todas e todos nós.
Aos 16 minutos do segundo tempo contra o São Paulo, aos 16 anos, Endrick entrou para disputar sua segunda partida profissional por um dos maiores times do continente. Atual bicampeão da Libertadores, virtual campeão brasileiro, time com duas derrotas na competição. Em casa, contra um dos maiores rivais. O mais jovem da história a estrear com essa camisa.
Dois lances ficaram marcados. Em uma arrancada, arrancou a expulsão do jovem zagueiro tricolor Lucas Beraldo, deixando o adversário com dois a menos em campo. Domínio, confiança, explosão.
Mas o mais impressionante, curiosamente, foi uma jogada que não deu em nada. Exatamente nesta falta, depois de a arbitragem tirar o malandro Beraldo de campo, Gabriel Menino e Gustavo Scarpa postaram-se para bater na entrada da área. O posicionamento de Endrick, dentro da área, completamente sozinho, pronto para receber a bola e girar para o gol, é uma pintura. Os colegas não viram e Menino mandou por cima do gol.
Sério, vale rever o lance algumas vezes. A perspicácia tática de um garoto dessa idade é notável. Talvez mais do que sua força e velocidade, que todos já conhecem bem. A tal habilidade de jogar sem bola, tão preciosa e valorizada pelo mundo.
É cedo, muito cedo, para fazer previsões.
Não é cedo, porém, para a torcida palmeirense empolgar-se. Parar de ficar caçando pelo em ovo e desfrutar os frutos de uma base enormemente vencedora. Ver e rever os primeiros momentos daquele que os privilegiados da era Abel Ferreira poderão dizer ter testemunhado.
Mais Endrick e menos desassossego. Já basta o Brasil para tirar a paz das pessoas.
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