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Alicia Klein

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Libertadores: final no Equador prejudica Conmebol, Flamengo e Athletico

Torcedores do Flamengo marcaram presença no Maracanã para duelo contra o São Paulo - ERICA MARTIN/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO
Torcedores do Flamengo marcaram presença no Maracanã para duelo contra o São Paulo Imagem: ERICA MARTIN/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO

25/10/2022 11h22

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Já vale avisar de cara que não sou a favor da final única para a Libertadores. Entendo o desejo de criar um modelo mais próximo da UEFA Champions League, mas o considero inadequado para a realidade geográfica e financeira do nosso continente.

O Maracanã como sede de Palmeiras x Santos teria proporcionado uma linda coincidência, não fosse a pandemia. Alguns poucos convidados presenciaram o que, ao vivo, foi um espetáculo bem borocoxô.

Na sequência, Montevidéu. Um estádio quase tão antigo quanto o futebol recebendo o tão esperado confronto entre os dois times mais fortes do continente. Beleza, pelo menos palmeirenses e flamenguistas das regiões Sul e Sudeste podiam ir de ônibus sem passar uma vida na estrada. Menos mal.

Agora, minhas amigas e amigos, agora o erro estava anunciado. Guayaquil, no Equador. A mais de 6 mil quilômetros do sul do continente, de onde era quase inevitável que saíssem os finalistas. Nem para Quito há voo direto do Rio de Janeiro, que dirá Guayaquil.

Resultado prático da escolha: pouco mais de 11 mil ingressos vendidos para mais uma final brasileira. Pacotes de viagem que custam a partir de 14 mil reais, para quem estiver disposto a fazer um bate e volta em voo fretado, saindo do Brasil no dia do jogo.

Pare e pense um minuto: quem tem 14 mil reais para gastar, assim, em um fim de semana?

Pare por mais um minutinho e imagine quanto tempo a Conmebol levaria para vender todos os ingressos de finais na Arena da Baixada e no Maracanã. Algumas horas? Dois dias?

Imagine as festas. Os dois estádios lotados até a tampa com pelo menos alguns torcedores do dia a dia, não só a elite da elite que consegue desembolsar mais de dez salários mínimos para assistir a uma partida de futebol. Supondo que não houvesse brigas e tudo corresse na paz, imagine o poder das imagens desses grandes eventos em estádios de Copa do Mundo rodando o planeta, o interesse gerado na competição. Em vez de um jogo só, em um estádio meio triste, meio longe de tudo e meio vazio.

E, como desgraça pouca é bobagem em 2022, o Equador decretou ontem "alerta amarelo" pela possibilidade de erupção do vulcão Cotopaxi, nas proximidades de Quito, o que poderia, além de outras tragédias, afetar a situação dos voos chegando e saindo do país.

Pense nisso de novo: a Conmebol corre o risco de morrer com ingressos para uma final de Libertadores entre Athletico-PR e Flamengo. Uma final com o clube de maior torcida do continente. Se isso não é errar, não sei o que é.

Enquanto aguardam ansiosamente a final que não poderão ver ao vivo, os torcedores terão hoje seus times reservas (ou sub-12 como brincou um colega) em campo pelo Brasileirão. Falando em quem andou disputando final de Libertadores recentemente, o Athletico enfrenta o Palmeiras, em Curitiba, às 21h45. E o Flamengo pega o Santos, no mesmo horário, no Maracanã.