Cuca no Atlético-MG e o privilégio de não assumir responsabilidades

Depois de mais uma derrota do Atlético-MG, agora por 2 a 0 para o Botafogo, no Mineirão, o técnico Cuca foi hostilizado pela própria torcida.

Já escrevi mais de uma vez sobre o passado de Cuca e não vou ressuscitá-lo aqui em detalhes. Faço menção apenas porque ele demonstra um padrão de comportamento: o do homem que não se responsabiliza por seus erros.

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Na coletiva pós-jogo, Cuca rebateu as críticas dizendo que aceitava ser chamado de burro, mas não de mercenário. Sommelier de crítica.

Que podia ter ido para outros clubes grandes. Que não aceitou voltar ao Galo por dinheiro, e sim porque o clube "precisava dele".

Pois bem, foi o próprio Cuca que deixou o time na mão, como também é seu padrão de comportamento. Campeão, fim de temporada, antes de estadual, tchau tchau.

Depois de seu triunfante retorno, o time que é um dos mais caros do Brasil ostenta hoje a triste marca de ter a pior campanha do returno. A pior. Pior até do que a do já rebaixado Juventude. Nas 19 partidas dessa passagem, ele tem cinco vitórias, seis empates e oito derrotas, ou cerca de 30% de aproveitamento.

Cuca disse que entendia a torcida estar sentida com a derrota para o Fogão, como se ela fosse um caso isolado. Como se não ocupasse a oitava colocação do campeonato, abismais 26 pontos atrás do líder, atrás também do rival regional América-MG e perigando ficar fora, inclusive, da pré-Libertadores, justamente no importante ano da inauguração de seu estádio.

Se a imprensa (isenta na medida do possível) colocava o Galo na mesma prateleira de Flamengo e Palmeiras, considerando-o um dos postulantes ao título, imaginem só a expectativa da torcida. Claro que estão decepcionados, furiosos, atirando pipoca. O sarrafo foi parar lá no alto e a realidade periga escantear o time à Copa Sul-Americana.

E como o treinador reage? Com uma declaração em que parece ter feito um favor ao Atlético-MG, voltando para resgatar o clube. Não seria bacana nem se houvesse logrado êxito. No mínimo, condescendente. Mas tendo sido responsável pela piora no desempenho da equipe, diante do atual cenário, não sei nem do que chamar esse comentário.

Na vida adulta, uma hora a conta chega. Não dá para passar o resto dos dias arrumando desculpa e jogando a responsabilidade para os outros. Ou talvez dê e Cuca seja a prova viva do privilégio de alguns.