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Alicia Klein

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Isabel: a dor pela morte de uma mãe

Isabel Salgado, ex-jogadora de vôlei de praia - Reprodução
Isabel Salgado, ex-jogadora de vôlei de praia Imagem: Reprodução

16/11/2022 14h38

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Toda morte é carregada de tristeza.

Para mim, três elementos sempre intensificam ou amenizam o impacto dessas perdas.

A pessoa tinha filhos? Era mãe?

Isabel o era cinco vezes. Mais até, porque era, também, avó. Isabel passou por quatro gestações ainda atleta, jogando até o sexto mês de gravidez, algo que ainda hoje provavelmente permanece inédito. Não sei a que custo, mas mostrou ao mundo aquilo que toda mãe sabe: que podemos seguir no topo, não apesar, mas por causa da força que tiramos da maternidade. Ainda que sem o apoio de um sistema que só faz nos oprimir.

A pessoa era jovem e/ou a morte foi súbita?

Sim e sim. Isabel tinha apenas 62 anos. Saúde de atleta. Uma bactéria tomou seu pulmão e Isabel de nós. Do nada. Estava bem, estava gripada, estava internada, estava entubada, não estava mais. É impensável a dor de quem fica.

Quem mais perde com a sua ida?

Isabel sempre foi uma referência, um ícone, uma estrela. Agora, Isabel iria contribuir diretamente para a política pública brasileira. Para a melhoria da vida de milhões de cidadãs e cidadãos. Há dias, ela aceitara integrar a equipe de transição do esporte, do governo Lula. Deixara claro que, mais do que qualquer discussão sobre alta performance, queria falar do esporte como ferramenta de inclusão social, como contou Edinho Silva. Seria peça fundamental no grupo que ajudará a reerguer das cinzas o investimento no esporte desse país tão abandonado.

A morte inesperada é a mais cruel das mortes, não tenho dúvidas.

Isabel deixa cinco filhos, cinco netos e um país inteiro de luto. Isabel nos deixa profundamente tristes, mas eternamente gratos pela oportunidade de testemunhar a sua história.