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Alicia Klein

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

FIFA e a cerveja na Copa do Qatar: vencem os autoritários raiz

Fã da Dinamarca bebe cerveja antes de jogo contra o Peru pela Copa do Mundo de 2018 - Max Rossi/Reuters
Fã da Dinamarca bebe cerveja antes de jogo contra o Peru pela Copa do Mundo de 2018 Imagem: Max Rossi/Reuters

18/11/2022 11h02

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A dois dias da abertura da Copa do Mundo, a FIFA anunciou que não haverá venda de cerveja no entorno dos oito estádios do evento, conforme havia sido propagandeado para torcedores de todo o planeta.

A decisão, claro, parte do governo do país muçulmano, onde a venda de álcool é bastante restrita.

Fiquei imaginando o desespero no QG da entidade suíça. Para além da inconveniência causada aos fãs, a retirada dos pontos de venda de Budweiser é trágica contratualmente. A AB Inbev paga cerca de 75 milhões de dólares à FIFA para ter a "cerveja da Copa", o que inclui exposição de marca, associação com o evento, diversas oportunidades de ativação e, claro, a exclusividade de venda nos locais oficiais.

Como reportou o New York Times, a FIFA pode estar agora diante de um pesadelo contratual.

Talvez você se recorde de que, no Brasil, dentre tantas outras exigências, a federação internacional pressionou pela mudança da legislação que restringia o consumo nos estádios. Os copos da Copa, aliás, se tornaram um frisson por aqui, apesar do preço de cada cerva gelada.

Agora, a FIFA - e, por consequência, todos os envolvidos no evento - descobre na pele o que é lidar com autoritários de verdade. Autoritários que colocam as suas regras acima de tudo, que vencem as quedas de braço, que forçam a mão dos todo-poderosos mandachuvas do futebol a 48 horas da abertura.

Os mesmos que supostamente garantiram segurança a visitantes LGBTQIA+, mas que deixam claro a cada declaração espontânea que, na melhor das hipóteses, essas pessoas serão toleradas. E, na pior, bom, quem vai pagar para ver?

Em um processo controverso e corrupto, a FIFA escolheu levar a joia da sua coroa para o Qatar. Agora, vai pagar o preço e sentir na pele o que é lidar com autoritários raiz.