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Alicia Klein

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Alemanha toma virada histórica do Japão, mas goleia a Fifa fora de campo

Jogadores da Alemanha protestam antes de início da partida contra o Japão - Anne-Christine POUJOULAT / AFP
Jogadores da Alemanha protestam antes de início da partida contra o Japão Imagem: Anne-Christine POUJOULAT / AFP

23/11/2022 12h06

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"Não era sobre fazer uma manifestação política - direitos humanos são inegociáveis. Isso nem deveria ser discutido, mas ainda não é o caso. Por isso, essa mensagem é tão importante para nós.

Negar-nos a braçadeira é a mesma coisa que negar a nossa voz. Mantemos nossa posição."

A Alemanha perdeu para o Japão dentro de campo, em mais uma zebra que atravessou o deserto qatari a galope. Mas, fora de campo, os europeus fizeram questão de manter seu apoio à comunidade LGBTQIA+.

Ao contrário da Inglaterra, que apenas aceitou a proibição à braçadeira "1 LOVE", todos os atletas alemães posaram para a foto oficial da partida com a mão sobre a boca, mostrando que estavam sendo silenciados. A ministra do Interior do país, no camarote ao lado das autoridades locais, vestiu a braçadeira da discórdia.

O texto que abre a coluna foi publicado nas redes sociais da DFB, federação alemã de futebol, junto com a foto da equipe "amordaçada".

A transmissão oficial da Fifa, que gera o sinal entregue às emissoras do mundo todo, não mostrou a cena. Surpreendendo um total de zero pessoas, a entidade se fez de besta, como aquele namorado que espera os conflitos passarem sozinhos, sem encarar os problemas de frente. O que os olhos não veem?

Só que o mundo todo viu porque a Fifa não controla tudo que sai do Qatar. O que vai fazer se mais seleções seguirem o exemplo germânico e subirem o tom? Vão sair dando amarelo para a geral? Vão ameaçar com o quê?

É claro que, no final das contas, para a vasta maioria das pessoas, o que importa é o placar. A Alemanha, hoje, decepcionou com a derrota na estreia, de virada, para o modesto Japão, ameaçando seu futuro na competição. Sem falar nos estragos nos bolões da galera.

Não podemos, porém, esquecer-nos de que a Copa do Mundo é sobre mais do que isso. De que dar vexame fora de campo tem implicações infinitamente mais graves.

Parabéns à Alemanha por dar exemplo onde os bons exemplos são raros. E parabéns ao Japão! Bater os tetracampeões do mundo é um feito gigante!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL