Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Trio de arbitragem feminino na Copa é marco histórico e alerta preocupante
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Três mulheres escreveram hoje um capítulo marcante na história da Copa do Mundo.
A francesa Stéphanie Frappart liderou, com a mexicana Karen Diaz Medina e a brasileira Neuza Back, o primeiro trio de arbitragem feminino de uma partida do Mundial masculino, no confronto entre Costa Rica e Alemanha.
A primeira edição do evento aconteceu no longínquo ano de 1930. Levamos quase cem anos para chegar até aqui. Assim como precisamos esperar até 2022 para ouvir mulheres narrando e comentando na TV.
No menos longínquo ano de 2020, em uma das minhas primeiras colunas aqui no UOL, intitulada Cadê as mina?, falei de Frappart, que acabara de se tornar a primeira mulher a apitar um jogo masculino de Champions League. "O evento foi celebrado como um avanço. A minha vontade, porém, é gritar de revolta. Que, em 2020, seja inédito uma mulher ocupar praticamente qualquer posição é simplesmente ridículo. Ultrajante."
Dois anos se passaram e o avanço segue lento. Temos mulheres na narração, nas opiniões, nas reportagens, no apito. Somos, entretanto, a vasta minoria. Uma presença tão real quanto rara. Quanto mais se sobe na escala hierárquica ou de destaque, menos existimos, mais rarefeito e sufocante se torna o ar. Não é aceitável.
O progresso existe e devemos celebrá-lo, claro. Frappart, Diaz Medina e a nossa Back são pioneiras a quem aplaudiremos para sempre. Assim como as Anas Thaís, Renatas, Natálias, Karines, Bárbaras, Déboras, Caróis, Tamires, Cristianes, Domitilas, Janettes, Fernandas, Millys, Amaras, Luanas, Alês e tantas outras que nos representam.
Só não podemos tomar qualquer avanço como avanço suficiente. Não podemos correr o risco de deixar que o discurso do progresso lance uma nuvem de fumaça sobre a realidade. A realidade ainda profundamente branca e masculina desse universo.
Ao mesmo tempo em que saúdo Stéphanie, Karen e Neuza de pé, faço questão de pedir para que notem o quanto é absurdo termos demorado um século para ocupar tais espaços.
Porque a gente nota. A gente sente na pele todos os dias o peso desses ineditismos.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.