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Marroquinos honram raízes e mandam a soberba espanhola de volta à Europa
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Espanha e Marrocos representam uma enorme história de conflitos, que remonta há séculos e perdura até hoje, com a imigração e a disputa por território no centro da discórdia moderna.
Neste 6 de dezembro de 2022, testemunhamos um capítulo fenomenal desse enredo, com aquilo que a Copa do Mundo nos proporciona de mais especial: a zebra com recortes históricos. A geopolítica atravessada pelo futebol. Ou vice-versa.
Como se não bastasse ser eliminada nas oitavas, a Fúria perdeu por 3 a 0 nos pênaltis, não conseguindo vazar a meta adversária nem nos penais. E, como a bola - e a história - pune, coube a Achraf Hakimi selar a extraordinária vitória. De cavadinha.
Hakimi nasceu em Madri. Começou sua carreira no Real, onde teve poucas oportunidades, antes de passar pela Inter e ir parar no PSG.
Hakimi, para o choque e crítica de muitos, optou por defender o país de seus pais. "Estive alguns dias em Las Rozas [complexo esportivo da Federação Espanhola] e vi que não era meu lugar, não me sentia como em casa. Não era por nada em particular, mas pelo que eu sentia, não era como o que eu vivia em casa, que é a cultura árabe, ser marroquino. Eu queria estar aqui."
Bono, o goleiro de atuação impecável, incluindo dois pênaltis defendidos, nasceu no Canadá. Sua família voltou ao Marrocos quando ele tinha 8 anos. Tornou-se um dos grandes nomes da Copa de 2022.
Segundo levantamento do jornalista Jaime Macias, 14 atletas marroquinos nasceram em outras nações: além de Canadá e Espanha, Holanda, Bélgica e Itália completam a lista. Esse número conta diversas histórias sobre a barbárica e intrincada relação entre Europa e África.
Hoje, a África venceu. Os jogadores que escolheram vestir a camisa que representa a sua história, a sua cultura, as suas raízes, eles venceram. O treinador marroquino venceu.
A Espanha, com suas crias promissoras, está fora. O tiki-taka, que hoje deu 1.019 passes e um chute no gol, foi-se. Junto com Luís Enrique, que volta para a Europa com a soberba entre as pernas.
Que dia para gostar de futebol, minha gente. Que dia.
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