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Alicia Klein

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Marrocos cresce para cima da França e prova que nunca foi acidente

El Yamiq tenta bicicleta na partida entre Marrocos e França - Divulgação/Fifa
El Yamiq tenta bicicleta na partida entre Marrocos e França Imagem: Divulgação/Fifa

14/12/2022 17h55

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Muito se falou sobre o futebol defensivo do Marrocos. Alguns chamaram de retranca. O técnico Walid Regragui rechaçou o inadequado termo.

Se alguém ainda duvidava, hoje ficou evidente: o time africano tem um belo repertório.

Vários de nós comentaristas nos perguntávamos? O que aconteceria se a grande surpresa da Copa largasse atrás no placar? Como reagiria ao tomar um gol?

Isso foi posto à prova com menos de 5 minutos, com o gol de Theo Hernández. Pronto, vai virar goleada.

A zaga marroquina desfalcada, o talento francês, a habilidade de Griezmann e Mbappé. Já era.

Mas não. Regragui substituiu o combalido Saïss ainda aos 20 minutos e Amallah melhorou a equipe. Marrocos com mais posse de bola, mais chances, mais pressão.

Faltava o último lance, superar as bolas travadas, encontrar o gol. Não faltava paciência, confiança e capacidade de invadir a área francesa.

Até que apareceu Mbappé. Onde pouco falta e talento sobra. Em uma bela jogada sua, a bola sobrou para Kolo Muani, que acabara de entrar no lugar do apagado Dembélé. Dois a zero, aos 34 do segundo tempo.

Muito se falou sobre a defesa marroquina, mas quem precisou brilhar para garantir uma vaga na final foi a zaga francesa. Diante de um embate teoricamente desigual, Marrocos cresceu e a França encolheu.

Este foi o nono jogo de Regragui à frente do Marrocos. Seis deles já na Copa do Mundo. Perdeu um, na semifinal, contra a atual campeã França, tomando apenas os dois gols de hoje (além de um contra, na primeira fase). Bono saiu ileso até da disputa de pênaltis contra a Espanha.

Bono, Hakimi, Amrabat, Ouhani, Ziyech, Regragui e o futebol africano como um todo saem enormes do Qatar. Nunca foi sorte. Nunca foi milagre. Nunca foi acidente.

Sempre foi talento. Sempre foi estratégia, Sempre foi trabalho.

(Mbappé comemorar com a torcida francesa vestindo a camisa do Marrocos é uma cena linda, emocionante e potente em diversos níveis. Obrigada, futebol.)