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Alicia Klein

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Crônica de final de Copa do Mundo: você trocaria o hexa por Messi e Mbappé?

Messi é marcado por Mbappé na final da Copa do Mundo entre Argentina e França - Divulgação/Fifa
Messi é marcado por Mbappé na final da Copa do Mundo entre Argentina e França Imagem: Divulgação/Fifa

19/12/2022 16h57

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Ainda sem ar depois da maior final histórica de todos os tempos do universo que o mundo já viu em qualquer época, sigo pensando no privilégio de ter assistido ao embate entre dois dos maiores craques que eu terei visto jogar quando minha última Copa chegar.

Alguns condenaram as hipérboles escolhidas para definir a partida que encerrou a primeira Copa do Mundo realizada no Oriente Médio. A primeira no fim do ano. Por essas pessoas amargas, eu lamento.

Saímos do Mundial, eufóricos, embasbacados, extasiados e um pouco confusos. Já é Natal? Mas não era novembro até agora há pouco? Onde foram parar os últimos 30 dias. Agora, o ano acabou. Ou quase.

É tempo de Papá Lionel, como bem chamaram os argentinos. Do homem pequenino que se tornou Deus, como se ele sozinho fosse responsável por trazer seu país à nova era do futebol. Não foi sozinho, mas foi com o toque de gênio que o credencia como um dos melhores de todos os tempos. Podemos dizer sem medo: um dos melhores de todos os tempos. Talvez o segundo.

Quando Maradona levou a Albiceleste ao bi, em 1986, faltavam 360 dias para o nascimento de Messi. O Brasil já era tri, França e Espanha nunca haviam levantado a taça de todas as taças, nenhuma nação asiática ou africana terminara no top 4. O mundo era outro, a democracia sufocava na América Latina — bom, o mundo não era tão outro assim.

Enfim, passaram-se 36 anos do bi e 35 de vida de Messi até que a Argentina pudesse gritar o grito que eles gritam como nenhum outro povo. Disse isso ontem quando Montiel balançou a rede de Lloris, e as comemorações provam o argumento: ninguém gosta mais de futebol do que nosso vizinhos. Nem de perto.

Isso não quer dizer que eles mereçam mais ou que os deuses da bola deviam algo a Messi. Afinal, havia outro abençoado em campo: Kylian Mbappé. Doze anos mais jovem que Messi, e já campeão mundial.

Apagado em campo até a metade do segundo tempo, despertou para levar os Bleus à prorrogação, onde voltou a marcar para salvar a equipe. Só um outro craque assinalara três gols em uma final de Copa, Geoff Hurst, em 1966. O francês ainda marcou o primeiro da disputa por pênaltis.

Saiu como artilheiro e com a experiência de, aos 23 anos, ter um título e um vice na bagagem.

Messi disse que está aposentado das Copas, assim como Modric. Espero que não, mas encontro alento enorme na certeza de que verei Mbappé brilhar por mais algumas edições, ao lado de talentos que descobrimos em 2022, e outros que estão por vir.

O Brasil caiu cedo, mais uma vez. Como prêmio de consolação restou o privilégio de ver Messi e Mbappé disputarem a maior final histórica de todos os tempos do universo que o mundo já viu em qualquer época.

Você trocava o embate épico pelo hexa? Claro que trocava. Mas aceito de bom grado a alternativa. É o que temos pra hoje.