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Alicia Klein

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Estuprador condenado, Robinho é desejado por times que cospem na nossa cara

Robinho, jogador de futebol condenado a nove anos de prisão na Itália por estupro coletivo - Thomas Santos/AGIF
Robinho, jogador de futebol condenado a nove anos de prisão na Itália por estupro coletivo Imagem: Thomas Santos/AGIF

11/01/2023 11h58

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Como sabemos, Robinho foi condenado por crime sexual, na Itália. Sua condenação a nove anos de prisão é definitiva, não cabem mais recursos. Ele só não está atrás das grades porque o Brasil não extradita seus cidadãos.

Agora, ele precisa decidir se quer voltar a jogar futebol. Sim, a escolha é sua: Portuguesa Santista e Brasiliense sondaram o atacante, que vem mantendo a forma física desde sua última partida como profissional, em 2020. (Nas redes sociais, a vice-presidente do Brasiliense Luiza Estevão afirmou que Robinho foi oferecido por empresários e recusado.)

Talvez você, assim como eu, lembre-se de alguns dos detalhes sórdidos do caso em que Robinho e seus amigos abusaram de uma mulher albanesa de 23 anos. A pá de cal sobre os acusados (e, depois, condenados) foram as mensagens trocadas entre eles.

Como reportou o colega Lucas Musetti Perazolli, aqui no UOL:

Em uma conversa telefônica grampeada, Robinho disse ao amigo Jairo Chagas: "Estou rindo porque não estou nem aí, a mulher estava completamente bêbada, não sabe nem o que aconteceu".

Em outro trecho, Robinho afirmou: "Olha, os caras estão na m****. Ainda bem que existe Deus, porque eu nem toquei naquela garota. Vi os outros f***** ela, eles vão ter problemas, não eu. Eram cinco em cima dela", afirmou.

Após Chagas dizer que havia visto Robinho "colocar o pênis dentro da boca" da vítima, ele respondeu: "Isso não significa transar". Os advogados do ex-jogador alegam que ele é inocente e que a relação foi consensual.

Talvez você, assim como eu, tenha sentido um nojo aviltante ao ler as palavras acima. Tenha se revoltado com a ideia de que um estuprador condenado que não cumpriu pena ande livremente por aí.

Emerson Coelho, vice-presidente e diretor de futebol da Portuguesa Santista, não.

"A gente tentou, a gente conversou sobre a possibilidade [de contratá-lo]. Ele tem esse problema e tivemos uma conversa superficial. Não foi proposta oficial, ele não deu resposta oficial, mas a gente cogitou. Ele é um baita jogador. Quem não gostaria? Mas há esse problema, nós seguimos nossa vida e ele a dele. Esperamos que ele resolva a vida dele na parte jurídica. O que houve foi uma conversa. A Portuguesa Santista ter o Robinho seria muito legal, mas ficou apenas no campo da conversa."

"Esse problema", no caso, é o problema do estupro. Não o fato de ele ter participado de um estupro coletivo, mas ele decidir se quer se expor. "Muito legal", no caso, seria ele vestir a camisa da Briosa, representar a instituição na série A-2 do Campeonato Paulista. Ele, um estuprador condenado.

O problema do Brasil é esse. Ninguém liga para a violência contra a mulher. Não de verdade. Nem cadeia, nem sequer ostracismo podemos esperar. No fundo, se souber chutar bem uma bola, pode estuprar e seguir a vida. Afinal, quem não gostaria?

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